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El Mundo diz que roubo de Tancos está ligado a tráfico de armas e não a jiadismo. MAI nega ter informação
O jornal espanhol cita o Ministério do Interior espanhol, que terá obtido a informação junto do congénere português. Numa nota à Lusa, o Ministério da Administração Interna refere que a notícia do El Mundo "não corresponde à verdade".
O Ministério do Interior espanhol terá informações prestadas pelo congénere português segundo as quais na origem do roubo de armamento dos Paióis Nacionais de Tancos, na passada quarta-feira, estiveram redes internacionais de tráfico de armas e não redes terroristas - pelo menos directamente.
O jornal espanhol El Mundo, que avança a notícia, refere que a informação foi avançada por Constança Urbano de Sousa, a ministra da Administração Interna (MAI), ao homólogo Juan Ignacio Zoido, na cimeira de segurança de Sevilha esta segunda-feira, e que juntou Portugal, Espanha, França e Marrocos.
Ontem um outro meio do país vizinho – o El Español – divulgou uma alegada lista de material roubado em Tancos, que incluía 1.450 munições de 9 milímetros, 18 granadas de gás lacrimogéneo, 150 granadas de mão ofensivas, 44 granadas foguete anti-carro, além de 22 bobinas de fio utilizado para activação por tracção, 102 unidades de carga explosiva e 264 unidades de explosivo plástico.
O Exército anunciou na quinta-feira que tinha sido detectada na véspera, ao final do dia, a violação dos perímetros de segurança dos Paióis Nacionais de Tancos e o arrombamento de dois 'paiolins' – instalações há dois anos sem sistema de videovigilância -, actualizando no dia seguinte as quantidades de material roubado.
Entretanto o chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, exonerou cinco comandantes de unidades do ramo para não interferirem com os processos de averiguações em curso. O ministro da Defesa, José Alberto Azeredo Lopes, admitiu a "responsabilidade política" pelo sucedido e ainda hoje o seu colega de Governo, o ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva, classificou o roubo de "muito grave."
O líder social-democrata, Pedro Passos Coelho, disse-se surpreendido por ainda não haver demissões neste caso e defendeu que o Presidente da República tem uma palavra a dizer, já que é o comandante supremo das Forças Armadas. Já Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ontem uma investigação que "apure tudo, factos e responsabilidades" e esta segunda-feira recebeu Assunção Cristas numa audiência de emergência pedida pela líder centrista.
No final do encontro, Cristas exigiu que o primeiro-ministro António Costa regresse de férias (onde se encontrará, de acordo com o jornal i) e demita tanto o ministro da Defesa como a da Administração Interna, no caso pela "falha" do Estado no combate aos incêndios de Pedrógão Grande que mataram 64 pessoas.
(Notícia actualizada às 18:28 com referência à nota do MAI)