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Nível de alerta em Tancos estava nível mais baixo no dia do roubo
Apesar de a vedação estar a precisar de ser reparada, as câmaras avariadas e haver uma denúncia sobre um possível assalto a Tancos, o nível de alerta na base estava em “Alfa +”, o mais baixo possível, escreve hoje o Público.
Os problemas de segurança nos paióis de Tancos eram vastos, mas no dia em que se percebeu que tinha sido roubado um verdadeiro arsenal de guerra, o nível de alerta na base militar estava no nível mais baixo possível, "Alfa +", escreve esta sexta-feira o Público com base numa fonte envolvida no processo. Esta pode ser o argumento a utilizar pelo ministro da Defesa, esta tarde no Parlamento: se ninguém o informou do risco, não poderia ser ele a tomar medidas de reforço de segurança.
Além de a vedação estar a necessitar de ser reparada (e foi, embora não na totalidade) e de o sistema de vídeo-vigilância estar avariado há pelo menos dois anos, a revista Sábado escreveu esta quinta-feira que o Ministério Público tinha sido informado, através de uma denúncia, de que existiria um plano para roubar armamento de instalações militares no centro do país. Chegou até a ser aberto um inquérito no DIAP. Recorde-se que as rondas de militares eram feitas com muito tempo de intervalo (que terão sido de nove horas e meia), e com armas que não tinham munições.
Nada disto foi suficiente para alterar o estado de alerta, que se baseia numa avaliação de ameaça que os militares fazem regularmente, e que considera cinco dimensões: perigo de terrorismo, espionagem, subversão, sabotagem e crime organizado. Pelo menos desde 2014, prossegue o Público, ninguém alertou para os riscos de segurança na base. O alerta não partiu das secretas, pelo que não chegou às hierarquias mais baixas.
Aliás, actualmente, o nível de alerta continua igual.
O ministro da Defesa vai ser ouvido esta tarde no Parlamento, numa audiência à porta aberta, e poderá repetir este argumento, que aliás já utilizou em entrevista à SIC: "o ministro da Defesa Nacional não sabe se há falta de vigilância em Tancos". Porém, este argumento desprotege o resto da cadeia militar, nota o jornal diário.
Mísseis em Tancos não foram levados
Esta quinta-feira, em audição à porta fechada no Parlamento, o chefe de Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, assumiu "responsabilidades totais" pelo assalto, ilibando o ministro da Defesa, e disse por duas vezes que se sentiu "chocado e humilhado" com o que aconteceu – que espera ver esclarecido em "três ou quatro semanas", escreveu o DN. Em dois dos paiolins de onde foi levado material estavam mísseis MILAN e TOW, de elevado calibre e capacidade destrutiva.
Ainda assim, segundo o Diário de Notícias, uma das linhas da que está a ser seguida pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), na investigação coordenada pela Unidade Nacional de Contraterrorismo da PJ, é a de que o material roubado ainda não saiu de Portugal, sendo admitido que possa estar vendido à unidade. Ainda assim, não se exclui que o arsenal composto de explosivos, munições e granadas esteja já em Espanha.