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Empresa que reparou vedação em Tancos diz ter feito “trabalho limpinho”

O sócio-gerente da Corifa, que esteve a reparar a vedação exterior e um conjunto de paióis em Tancos, garante ao Público que a empresa fez um “trabalho limpinho” e diz acreditar que alguém abriu o portão de segurança dos paióis para os assaltantes entrarem.

Ricardo Ponte
03 de Julho de 2017 às 09:46
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A Corifa, empresa de Ourém que reparou 10 paióis e um paiolim e 900 dos 2.500 metros da vedação exterior de Tancos, garante que fez um "trabalho limpinho" e que não foi por sua responsabilidade que os assaltantes roubaram um verdadeiro arsenal de guerra dessas instalações. Em declarações ao Público, Manuel Castelão diz que foi uma "coincidência infeliz" o roubo ter ocorrido pouco depois das obras e defende a tese de alguém ter aberto o portão de alta segurança aos assaltantes.

 

"No início até fiquei preocupado, mas não me parece que a investigação aponte para nós e ainda bem, porque o nosso trabalho foi todo limpinho", afiança Manuel Castelão, responsável pela empresa que já trabalha para o Exército – e em Tancos – há "mais de 20 anos".

 

Castelão explica que as duas empreitadas que a empresa levou a cabo há cerca de um mês não estiveram envoltas em especiais medidas de segurança. Primeiro porque os dez paióis e um paiolim sujeitos a "reparações gerais" ao nível da cobertura (no valor de 145 mil euros) estavam "completamente vazios". Depois, porque a reparação de cerca de 900 metros de vedação (que tem no total 2.500 metros) foi feita "pelo lado exterior".

 

O que terá acontecido na passada quarta-feira, defende, é que alguém do lado de dentro terá deliberadamente aberto a porta aos assaltantes. "O acesso aos paióis é feito por um portão de alta segurança. O que faz sentido é que alguém tenha aberto o portão de segurança" para entrar o veículo que terá transportado a carga roubada, pelo que o buraco na vedação deve ter sido aberto como "manobra de distracção", antecipa Manuel Castelão.

 

O próprio Estado-Maior do Exército suspeita que tenha havido colaboração no interior do paiol. Num relatório-síntese do chefe de Estado Maior deste ramo, Rovisco Duarte, admite-se que tenha havido "colaboração interna", até porque os assaltantes atacaram precisamente nos locais em que não havia vídeo-vigilância, tendo roubado um arsenal de guerra composto por dezenas de granadas, centenas de munições e dezenas de quilos de explosivos.

 

O porta-voz do Exército garante ao Público que a necessidade de reparar os paióis como as respectivas vedações estava já identificada – disso é prova o facto de já se ter avançado para as obras que foram entregues à Corifa, e que a reparação do sistema de vídeo-vigilância, avariado desde 2015, foi prevista para o próximo ano. Isto porque se considerou que "duas linhas de rede seriam suficientes e não justificavam a antecipação" do investimento. Após o roubo, esta empreitada foi antecipada já para este ano.

 

Suspensão de comandantes causa mal-estar

 

O Diário de Notícias escreve esta segunda-feira que o afastamento dos cinco comandantes das unidades com ligação aos paióis está a ser lida, entre as chefias do Exército, como uma imposição do Governo ao chefe do Estado-Maior do Exército para evitar consequências políticas para o próprio ministro. Essa suspensão foi mal recebida pelas chefias militares, prossegue o jornal.

 

Esta tarde vai haver uma reunião do Conselho Superior do Exército, que vai analisar o roubo e que ocorre num ambiente de grande tensão no ramo. O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, deverá ser ouvido no Parlamento já esta quarta-feira. O Público escreve que o CDS vai pedir uma audiência urgente ao governante que pode concretizar-se já depois de amanhã. A reunião será à porta fechada, como é habitual na Comissão de Defesa.

 

Apesar do roubo, o nível de alerta em Portugal mantém-se inalterado. A Secretaria-Geral de Segurança Interna não mexeu no nível de alerta, escreve o DN. O Correio da Manhã, por seu turno, escreve que a Unidade Especial de Polícia está em alerta máximo, tendo já reforçado as patrulhas nos três principais aeroportos do continente (Lisboa, Porto e Faro), mas desliga esse facto do roubo de material de guerra de Tancos.

 

A subida do nível de alerta insere-se na operação Verão Seguro, que dura até 15 de Setembro, e em que a principal preocupação são as multidões. Serão efectuadas revistas junto aos festivais de Verão e a circulação de viaturas será alvo de muitas restrições, acrescenta o jornal. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, por seu turno, vai apertar o controlo documental nos aeroportos e terminais de cruzeiros. O objectivo é eliminar todas as possibilidades de atentados terroristas.

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