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Militares fazem rondas em Tancos com armas sem munições

Os militares que faziam a segurança dos paióis de Tancos usavam armas G3 sem munições, escreve o JN. A situação foi discutida na reunião do Conselho Superior do Exército e deve ser corrigida em breve. O Público diz que o assalto está a ser associado ao crime organizado.

Força Aérea Portuguesa
04 de Julho de 2017 às 09:37
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Os não mais de 10 militares que diariamente tinham a responsabilidade de fazer as rondas nos paióis de Tancos utilizavam a espingarda G3 sem munições, escreve o Jornal de Notícias na edição desta terça-feira. Esta é, aliás, uma prática generalizada a todos os paióis e unidades militares do país, e estará em prática desde os anos 1990, para evitar acidentes. De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, as armas dos militares traziam carregadores vazios.

 

Os militares podiam transportar consigo até dois carregadores cheios, mas à cinta, e não poderiam utilizá-los com rapidez porque estes estavam lacrados e com cintas. O que significa que, perante uma situação de surpresa – como depararem-se com os assaltantes do paiol – os militares não conseguiriam reagir no imediato. Não poderiam abrir fogo e poderiam sujeitar-se a ser alvejados, acrescenta outra fonte do sector.

 

Ao Diário de Notícias, que também noticia esta situação, o major-general Raul Cunha mostra-se aliviado pelo facto de os militares não terem dado de caras com os assaltantes, porque estes "matavam dois ou três soldados". Nessa situação, os militares que estivessem a fazer a ronda nem sequer teriam a quem pedir apoio adicional, acrescenta o tenente-coronel paraquedista Miguel Machado, que já chegou a liderar a Brigada de Intervenção Rápida de Tancos.

 

A situação foi discutida na reunião do Conselho Superior do Exército, que decorreu esta segunda-feira num ambiente calmo, mas com os oficiais presentes a exibirem um "ar carregado". Foram avançadas propostas para reforçar, com mais dois militares, o patrulhamento de cada secção, criar uma "força de reforço" num dos regimentos para acudir em caso de necessidade e ainda colocar as rondas dos regimentos a fazer a segurança dos paióis, segundo o DN.

 

Adicionalmente, foi discutida a possibilidade de colocar carregadores cheios nas G3 dos militares que fizerem as rondas, precisou o JN. A primeira bala será de salva (pólvora seca), mas pode sempre ser retirada para ser utilizada uma munição real. O reforço do pessoal será crítico dada a falta de recursos humanos que se vive no ramo, prossegue o JN, que sublinha que o número de rondas em Tancos era insuficiente, porque o assalto só foi detectado por uma ronda no dia seguinte.

 

Crime organizado na origem do roubo

 

O Público, por sua vez, cita fontes dos serviços de segurança para concluir que o roubo do arsenal de guerra de Tancos terá sido concretizado por elementos ligados ao crime organizado internacional com ajuda dentro da base, e não por pessoas ligadas a redes de terrorismo. Uma informação que já havia sido avançada ontem pelo El Mundo.

Isto porque, nos ataques terroristas que têm sido levados a cabo, não é habitual utilizar-se material como o que foi roubado dos paióis – ou são utilizados explosivos artesanais ou então veículos. Por essa razão não foi feito um encerramento das fronteiras nem um reforço do patrulhamento nos postos fronteiriços após o assalto de Tancos.

 

As referidas fontes dizem ser "quase impossível" que este assalto possa ter sido concretizado sem colaboração de dentro da base, que tenha guiado os meliantes aos paióis que continham armamento e nas horas em que a vigilância seria mais reduzida. Uma possibilidade que já havia sido admitida pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte.

 

O valor do material, ainda assim, não será "milionário". O mais valioso serão as granadas foguete anti-tanque (desapareceram 44 exemplares), que terão um valor unitário entre 800 a mil euros.

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