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Virgolino Faneca acha que sim sobre a Teresa Leal Coelho

Teresa Leal Coelho é um óptima candidata à Câmara de Lisboa. É tudo uma questão de ponto de vista.

24 de Março de 2017 às 17:00
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Caro Aristides

Sei que andavas em pulgas (é o que dá não usares aqueles champôs especiais) para conhecer a escolha do PSD para candidato à Câmara Municipal de Lisboa e que ficaste boquiaberto (precisas de ir tratar com urgências dessas cáries) quando foi revelado o nome de Teresa Leal Coelho.

Não há necessidade de ficares assim. Podes ficar estupefacto, inquieto, desiludido ou até espantado, mas aconselho-te vivamente a não ficares boquiaberto, porque é meio caminho andado para entrar mosca ou sair asneira.

Obviamente, anda por aí muita gente mal-intencionada que aproveita a sabedoria popular e apregoa, metaforicamente falando, que assim "se matam dois coelhos de uma cajadada". A Teresa Leal, porque só luta por derrota honrosa (não ficar atrás de Assunção Cristas), e o Pedro Passos, que assim atalha caminho em direcção à sua saída da liderança do PSD.

E, numa tentativa desesperada de achincalhar a senhora (fazendo trocadilhos entre Teresa Leal e Maria Leal), lembram que ela é vereadora da Câmara de Lisboa e que faltou a 91 das 153 reuniões do executivo municipal. Como se isso fosse uma falha grave! Não é. Antes pelo contrário. É uma prova de bom senso. Quem é que atura o arquitecto Salgado nas reuniões? O doutor Medina. E quem é que atura o doutor Medina? O arquitecto Salgado. Então estão bem um para o outro e três já seriam demais.

Eu renego estas opiniões mesquinhas e espero que tu perfilhes o meu ponto de vista, que, sendo meu, é o melhor, o único e o mais objectivo de todos, na medida em que sou um analista político de primeira água e me distingo pela lucidez que insuflo em todas as observações da realidade.

Não é por acaso que sou requisitado para fazer comentário de índole política no Zimbabué (contra todos vaticino a vitória de Mugabe e ganho sempre), na Costa Rica e até no Panamá, embora tenha consciência de que o chapéu de abas favorece mais a minha maciça silhueta.

Estes preâmbulos podem parecer-te exagerados e até egocêntricos, mas são necessários porquanto emanam de um juízo de facto, isto é, de uma relação necessária que deriva da natureza das coisas. Feitas estas ressalvas estruturantes, a que academicamente se chamam postulados, passo a explanar o meu brilhante raciocínio.

Para mim, a Teresa Leal Coelho reúne todas as condições para ser uma emérita candidata à liderança do município alfacinha. Aliás, existem três razões fundamentais para que se pense assim, a saber:

1. É Teresa, tal como a Madre Teresa de Calcutá, que, como se sabe, praticou uma "cultura do sofrimento".
2. É Leal, uma condição que às vezes se mistura com penitência, combinação que, neste caso, a leva a fazer de Sísifo.
3. É Coelho, o que é uma relevante comunhão de género com o presidente do partido e permite a prática de chalaças.

Pelo exposto, parece-me inquestionável que Teresa Leal Coelho é uma candidata à Câmara de Lisboa com muito potencial. Por exemplo, potencial para ser mimoseada com palavras grosseiras proferidas pela esmagadora maioria dos adeptos do Benfica, devido ao facto de ter sido administradora da SAD do clube durante o consulado de Vale e Azevedo.

Mais, considero que Teresa Leal Coelho se tornaria uma candidata invencível se Pedro Passos Coelho prometesse abandonar o partido caso ela vencesse as eleições. Assim como assim…

Um abraço deste teu,
Virgolino Faneca


Quem é Virgolino Faneca

Virgolino Faneca é filho de peixeiro (Faneca é alcunha e não apelido) e de uma mulher apaixonada pelos segredos da semiótica textual. Tem 48 anos e é licenciado em Filologia pela Universidade de Paris, pequena localidade no Texas, onde Wim Wenders filmou. É um "vasco pulidiano" assumido e baseia as suas análises no azedo sofisma: se é bom, não existe ou nunca deveria ter existido. Dele disse, embora sem o ler, Pacheco Pereira: "É dotado de um pensamento estruturante e uma só opinião sua vale mais do que a obra completa de Nuno Rogeiro". É presença constante nos "Prós e Contras" da RTP1. Fica na última fila para lhe ser mais fácil ir à rua fumar e meditar. Sobre o quê? Boa pergunta, a que nem o próprio sabe responder. Só sabe que os seus escritos vão mudar a política em Portugal. Provavelmente para o rés-do-chão esquerdo, onde vive a menina Clotilde, a sua grande paixão. O seu propósito é informar epistolarmente familiares, amigos, emigrantes, imigrantes, desconhecidos e extraterrestres, do que se passa em Portugal e no mundo. Coisa pouca, portanto.



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