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Musk e X são o epicentro da desinformação nas eleições nos EUA, dizem peritos

Elon Musk e o ex-Twitter estão a ser o epicentro de desinformação nas eleições norte-americanas. Conclusão é de vários peritos ouvidos pela Reuters. Juiz da Pensilvânia aceitou que doação de um milhão por dia continue.

Gonzalo Fuentes / Reuters
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Afirmações falsas ou enganosas do bilionário Elon Musk na plataforma social X (antigo Twitter) sobre as eleições nos Estados Unidos foram vistas mais de duas mil milhões de vezes este ano, permitindo a disseminação de informações falsas sobre os Estados críticos que provavelmente vão determinar o resultado da corrida presidencial norte-amercicana.

A conclusão é avançada com base em relatórios e comentários especialistas recolhidos pela agência Reuters, nesta terça-feira, 5 de novembro, nas vésperas da eleição presidencial norte-americana. 

Pelo menos 87 publicações de Elon Musk no X este ano promoveram alegações sobre as eleições nos EUA que foram classificadas como falsas ou enganadoras, tendo sido visualizadas mais de duas mil milhões de vezes, segundo um relatório do Center for Countering Digital Hate (Centro Contra o Ódio Digital, numa tradução para português).

As publicações de Elon Musk, o presidente-executivo da Tesla e que lidera também o antigo Twitter, com quase 203 milhões de seguidores, têm um alcance muito superior, devido "efeitos de rede", que permitem às publicações do X saltar para outras redes sociais e plataformas de mensagens, como o Reddit e o Telegram, disse Kathleen Carley, professora de ciência da computação na Carnegie Mellon University e especialista em desinformação.  "X é um canal de uma plataforma para outra", acrescentou.

Mas além das publicações de Musk, a própria rede social está a contribuir para o problema. Na Pensilvânia, um dos sete principais estados indecisos (swing states), alguns usuários do X publicaram casos de administradores eleitorais locais sinalizando formulários de registo eleitoral incompletos que não seriam processados, classificando falsamente os eventos como exemplos de interferência eleitoral, disse Philip Hensley-Robin, o diretor da Pensilvânia da Common Cause (Causa Comum), uma organização apartidária que promove um governo responsável e direitos de voto.

Alguns relatos no X implicavam "que houve fraude eleitoral, quando, na verdade, sabemos muito claramente que os funcionários eleitorais e administradores eleitorais em todos os nossos condados estavam a seguir as regras e, portanto, apenas os eleitores elegíveis estão a votar", disse Hensley-Robin.


A Cyabra, uma empresa que usa Inteligência Artificial para detetar desinformação online, disse que uma conta X com 117.000 seguidores espalhou um vídeo falso que mostrava alegados boletins de voto a favor de Trump a ser destruídos.

 
Um porta-voz de X disse que a plataforma tomou medidas contra muitas contas que partilharam o vídeo. Além disso, frisou que o recurso 'Community Notes' da empresa, que permite aos utilizadores adicionar contexto adicional às publicações, é mais eficaz para ajudar as pessoas a identificar conteúdo enganador do que os tradicionais sinalizadores de alerta nas postagens.


Desde que assumiu a liderança da empresa anteriormente conhecida como Twitter, Musk restringiu a moderação de conteúdo e demitiu milhares de funcionários.

O bilionário declarou apoio ao ex-Presidente Donald Trump, que disputa a presidência dos EUA com a candidata democrata Kamala Harris.

Juiz aceita doação de 1 milhão de Musk a eleitores 

Um juiz do estado da Pensilvânia deu luz verde a que a doação de um milhão de dólares por dia por Elon Musk para influenciar os eleitores continuasse.

A um dia da disputada eleição presidencial dos EUA entre a vice-presidente democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump, os advogados do 'America PAC', um comité de ação política pró-Trump (uma organização isenta de impostos que junta donativos para promover a campanha do ex-presidente norte-americano) tentaram persuadir o juiz Angelo Foglietta de que a disputa não era uma "lotaria ilegal", como disse o presidente da Filadélfia. 


Os advogados do 'America PAC' e seu o diretor, Chris Young, disseram que o grupo distribuiu os fundos com base em quem seriam os melhores porta-vozes da sua agenda pró-Trump, apesar da afirmação do bilionário de que os vencedores seriam escolhidos aleatoriamente.

Musk já doou 16 milhões de dólares para eleitores registados em Estados indecisos que se qualificaram para a doação assinando sua petição política.

O 'America PAC' lançou o concurso a 19 de Outubro. Está aberto a eleitores registados em sete estados chave - Arizona, Georgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia  e Wisconsin - que assinem uma petição que apoia a liberdade de expressão e os direito de porte de armas.

O promotor distrital da Filadélfia, Larry Krasner, um democrata, avançou com uma ação  em tribunal para bloquear a disputa na Pensilvânia, alegando que os pagamentos equivaliam a uma lotaria ilegal com regras vagamente definidas. Foglietta negou.


Musk tornou-se um defensor declarado de Trump este ano e promoveu o ex-Presidente no X, que lidera. Até agora, doou quase 120 milhões de dólares ao 'America PAC' para promover a mobilização e registo de eleitores, de acordo com divulgações federais.

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