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Governo federal dos EUA acusa Tesla de contradições sobre veículos autónomos
A autoridade governamental dos EUA para a segurança rodoviária declarou que durante as reuniões que teve com a Tesla lhe foi assegurado que os veículos elétricos em causa precisam de supervisão humana.
A autoridade governamental dos EUA para a segurança rodoviária declarou na sexta-feira que a Tesla está a dizer aos condutores, em declarações públicas, que os seus veículos podem-se conduzir autonomamente, o que contradiz os manuais e garantias apresentadas.
A entidade, cuja sigla em Inglês é NHTSA, especificou que durante as reuniões que teve com a Tesla lhe foi assegurado que os veículos elétricos em causa precisam de supervisão humana.
No seguimento, instou o fabricante de veículos elétricos a "revisitar as suas comunicações" para se certificar que as mensagens são consistentes com as instruções disponibilizadas aos utilizadores.
A solicitação foi feita, através de mensagem de correio eletrónico enviada por Gregory Magno, chefe de divisão no gabinete da NHTSA para a Investigação de Defeitos.
Em anexo seguiu uma carta em que a autoridade solicita informação a propósito de uma investigação em curso sobre o sistema da Tesla, designado 'Full Self-Driving', para condições de baixa visibilidade. Esta carta foi disponibilizada no sítio da agência estatal na sexta-feira.
A agência começou a investigação em outubro, depois de receber notícias relativas a quatro acidentes envolvendo "Full Self-Driving", quando os Teslas se depararam com encadeamento solar, nevoeiro e poeira no ar, um peão foi morto em um destes acidentes, ocorrido no Estado do Arizona.
Críticos, incluindo o secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, desde há muito que acusam a Tesla de usar designações enganadoras para os seus sistemas de condução parcialmente automatizados, incluindo "Full Self-Driving" e "Autopilot", os quais são vistos pelos proprietários das viaturas em causa como totalmente autónomos.
A carta e o correio eletrónico levantam mais questões sobre a capacidade de o "Full Self-Driving" poder ser usado nas estradas públicas sem intervenção humana, como o presidente da empresa, Elon Musk, tem antecipado.
Muita da valorização bolsista da ação da empresa assenta na capacidade de a empresa vir a desenvolver uma frota de táxis robotizados autonomizados.
Musk, que já prometeu veículos autónomos, apresentou planos da empresa que apontam para a disponibilização dos modelos autónomos Y e 3, sem intervenção humana, no próximo ano.
A AP solicitou comentários à Tesla que ainda não foram respondidos.
A investigação da NHTSA não deve terminar antes de Donald Trump tomar posse do cargo de presidente, em janeiro, e este já disse que tenciona nomear Musk responsável da comissão governamental para a eficiência, que tem a missão de auditar as agências e eliminar a fraude.
Musk investiu pelo menos 119 milhões de dólares na campanha para a reeleição de Trump e este tem falado contra as regulamentações governamentais.
Os defensores da segurança rodoviária, receiam que se Musk conseguir algum controlo sobre a NHTSA, a investigação sobre o Full Self-Driving e outras incidentes sobre a Tesla possam acabar.
O próprio Musk já avançou a possibilidade de ele próprio ajudar a desenvolver padrões de segurança federais para os veículos autónomos.
"Claro que a raposa quer construir o galinheiro", afirmou Michael Brooks, diretor executivo do Centro para a Segurança Rodoviária, uma organização não-governamental.
Acrescentou que não pode conceber que alguém concorde que um empresário magnata possa estar diretamente envolvido nas regulamentações que possam afetar as suas empresas.
"De facto, é um grande problema para a democracia", apontou.