Notícia
"As fintech não querem nada com depósitos porque isso exige capital e regulação"
CEO dos maiores bancos reiteram críticas ao que dizem ser um campo de jogo inclinado a favor das fintech mas garantem que a solução passa também por mais inovação das entidades que lideram.
Com o desafio das fintech cada vez mais presente, os CEO dos maiores bancos em Portugal repetem as críticas sobre a aplicação de regras diferentes às instituições financeiras tradicionais e às tecnológicas que com elas concorrem.
"A maior atuação das fintech é nas partes mais rentáveis" do negócio, afirmou o CEO da Caixa Geral de Depósitos na Money Summit, uma conferência organizada pela consultora EY esta manhã em Lisboa.
"Nunca me irei conformar. Todas as entidades deviam contribuir"
A opinião vai ao encontro da visão manifestada pelo CEO do BCP. Na opinião de Miguel Maya, "as fintech são muito importantes porque são catalisadores de inovação", mas descarta cenários catastrofistas: "Os bancos vão permanecer enquanto criarem valor para a sociedade", acredita.
A grande questão, para Miguel Maya, é saber porque é que os bancos não criam mais inovação. E parte da resposta, diz, vem das regras a que estão sujeitos. "Às vezes é por causa da própria regulação", atirou, dizendo que "o grande desafio é garantir que há ambiente aberto que sustenta inovação, mas ao mesmo tempo que há regras observadas por todos os intervenientes".
E isso implica, entre outras coisas, que todos sejam sujeitos não apenas a regras regulatórias como às contribuições para o Fundo de Resolução e às taxas específicas sobrem o setor.
A crítica, reiterada há anos pelos setor, para que joguem todos com as mesmas regras, foi repetida pelo CEO do Banco Montepio. "O desafio é o ‘level playing field’", enunciou Pedro Leitão.
Já o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa recorda que "a banca portuguesa é das mais inovadoras que existem no mundo e na Europa, já foi vaticinado várias vezes o fim dos bancos e não aconteceu".
Pelo Santander, o CEO Pedro Castro e Almeida recordou que as fintech "atuam na fronteira da regulação. A Revolut tem resultados superiores a qualquer banco neste painel, mas a partir de certa dimensão tem de começar a competir com regulação", disse.
"É tempo de constituir reservas que sirvam de pára-quedas"
Antes, foi a vez da vice-Governadora do Banco de Portugal (BdP) insistir na ideia, já antes defendida pelo supervosor, que é em tempo de calmaria que os bancos devem constituir reservas para enfrentar tempos difíceis.
"É nestes bons momentos que é tempo de constituir reservas que sirvam de para quedas caso haja situações de maior turbulência", afirmou Clara Raposo, recordando as duas mais recentes introduzidas pelo BdP: a reserva para risco sistémico setoriais para imobiliário e a nova reserva contracíclica.