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"As fintech não querem nada com depósitos porque isso exige capital e regulação"

CEO dos maiores bancos reiteram críticas ao que dizem ser um campo de jogo inclinado a favor das fintech mas garantem que a solução passa também por mais inovação das entidades que lideram.

Lusa
05 de Novembro de 2024 às 11:06
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Com o desafio das fintech cada vez mais presente, os CEO dos maiores bancos em Portugal repetem as críticas sobre a aplicação de regras diferentes às instituições financeiras tradicionais e às tecnológicas que com elas concorrem.

"A maior atuação das fintech é nas partes mais rentáveis" do negócio, afirmou o CEO da Caixa Geral de Depósitos na Money Summit, uma conferência organizada pela consultora EY esta manhã em Lisboa.

Paulo Macedo sublinha mesmo que as tecnológicas financeiras "por exemplo, não querem nada com depósitos porque isso exige regulação e capital", coisas que na opinião do líder do banco público não abundam no universo das fintech. "As fintech não têm capital nem clientes", atirou Paulo Macedo para quem o maior desafio de concorrência está noutro lado: "Preocupa-me mais as big tech", disse, admitindo, por outro lado, que não tem dúvidas que "os bancos vão ser cada vez mais tecnológicos".

"Nunca me irei conformar. Todas as entidades deviam contribuir"

A opinião vai ao encontro da visão manifestada pelo CEO do BCP. Na opinião de Miguel Maya, "as fintech são muito importantes porque são catalisadores de inovação", mas descarta cenários catastrofistas: "Os bancos vão permanecer enquanto criarem valor para a sociedade", acredita.

A grande questão, para Miguel Maya, é saber porque é que os bancos não criam mais inovação. E parte da resposta, diz, vem das regras a que estão sujeitos. "Às vezes é por causa da própria regulação", atirou, dizendo que "o grande desafio é garantir que há ambiente aberto que sustenta inovação, mas ao mesmo tempo que há regras observadas por todos os intervenientes".

E isso implica, entre outras coisas, que todos sejam sujeitos não apenas a regras regulatórias como às contribuições para o Fundo de Resolução e às taxas específicas sobrem o setor.

"Ainda não fui capaz de perceber é porque não são todas as entidades a contribuir", indagou Miguel Maya, garantindo que não conforma com esta situação. "Porque não é uma taxa cobrada a todas as entidades que prestam serviços financeiros aos portugueses?", questionou, lembrando que nem sequer as sucursais de bancos estrangeiros estão sujeitas a essa obrigação. "É verdadeiramente inaceitável", afirmou.

A crítica, reiterada há anos pelos setor, para que joguem todos com as mesmas regras, foi repetida pelo CEO do Banco Montepio. "O desafio é o ‘level playing field’", enunciou Pedro Leitão.

Já o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa recorda que "a banca portuguesa é das mais inovadoras que existem no mundo e na Europa, já foi vaticinado várias vezes o fim dos bancos e não aconteceu".

Pelo Santander, o CEO Pedro Castro e Almeida recordou que as fintech "atuam na fronteira da regulação. A Revolut tem resultados superiores a qualquer banco neste painel, mas a partir de certa dimensão tem de começar a competir com regulação", disse.

"É tempo de constituir reservas que sirvam de pára-quedas"


Antes, foi a vez da vice-Governadora do Banco de Portugal (BdP) insistir na ideia, já antes defendida pelo supervosor, que é em tempo de calmaria que os bancos devem constituir reservas para enfrentar tempos difíceis.

"É nestes bons momentos que é tempo de constituir reservas que sirvam de para quedas caso haja situações de maior turbulência", afirmou Clara Raposo, recordando as duas mais recentes introduzidas pelo BdP: a reserva para risco sistémico setoriais para imobiliário e a nova reserva contracíclica.

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