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Intermitência da energia renovável exigirá dobro da flexibilidade das redes até 2030

Para atingir a neutralidade carbónica, até 2050, a flexibilidade necessária será sete vezes maior do que atualmente, destacam investigadores do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia.

28 de Junho de 2023 às 08:48
Sara Matos / Jornal de Negócios
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Uma parte crescente de energias renováveis disponíveis de forma intermitente no sistema elétrico da União Europeia (UE) vai exigir uma maior flexibilidade para garantir o funcionamento das redes, de forma a atingir os objetivos de descarbonização europeus. Em comparação com a situação atual, os requisitos de flexibilidade mais do que duplicarão até 2030 e aumentarão sete vezes até 2050.

Um exercício de modelização efetuado por cientistas do Centro Comum de Investigação (CCI) da Comissão Europeia analisou as tecnologias que contribuem para satisfazer essas necessidades de flexibilidade. Os requisitos de flexibilidade foram calculados para três escalas temporais diferentes: diária, semanal e mensal.

Os objetivos da UE para alcançar a transição para um sistema energético europeu com impacto neutro no clima até 2050 conduzirão a um grande aumento das fontes de energia renováveis no sistema elétrico. A utilização de energias renováveis - altamente variáveis por natureza - em combinação com capacidades de armazenamento limitadas e uma procura variável por parte dos consumidores, colocará as operações do sistema elétrico sob pressão e poderá causar grandes flutuações nos preços, destaca o CCI.

A análise também examina o papel potencial das tecnologias de armazenamento de energia para contribuir para as necessidades de flexibilidade, analisando a percentagem ótima de soluções de armazenamento em termos de investimento e de parâmetros de custo do sistema.

Os resultados são publicados no relatório "Requisitos de flexibilidade e o papel do armazenamento nos futuros sistemas de energia europeus". De acordo com o relatório, os atuais requisitos de flexibilidade - em 2021, 11% da procura total de eletricidade na UE - aumentarão para 24% em 2030 e para 30% em 2050.

Os requisitos de flexibilidade aumentarão significativamente em todos os países da UE. Para colocar estes números em perspetiva, os requisitos de flexibilidade em 2030 atingem 25% da atual procura total de energia e 80% da atual procura de energia em 2050.

A análise mostra que haverá uma ligação bastante forte entre os requisitos diários de flexibilidade e a quota de produção solar fotovoltaica, enquanto os requisitos semanais e mensais de flexibilidade estão ligados à quota de produção eólica (em terra e no mar).

Segundo o CCI, enquanto a eletricidade produzida por centrais solares fotovoltaicas segue normalmente um perfil de produção diário específico, a produção eólica segue mais uma sazonalidade mensal. "A integração eficiente de ambas as fontes de energia renovável no sistema elétrico exigem, portanto, uma avaliação adequada das soluções de flexibilidade necessárias a curto ou longo prazo", pode ler-se na nota do CCI.

Em termos de tecnologias que oferecem soluções de flexibilidade, a análise conclui que as interligações desempenham um papel dominante na resposta às necessidades de flexibilidade em 2030 em todas as escalas temporais, mas particularmente nas escalas temporais a mais longo prazo. As novas soluções de flexibilidade, como as baterias, os electrolisadores e as centrais hidroelétricas por bombagem, desempenham também um papel importante, visando as primeiras quase exclusivamente as necessidades de flexibilidade diárias, mas as segundas também as necessidades de flexibilidade a longo prazo.

 

 

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