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Países desalinhados com objetivo de triplicar produção de renováveis

Agência Internacional da Energia indica que o objetivo estabelecido na última Cimeira do Clima está presente em apenas 12% dos países. Mas sustenta que os governos têm as ferramentas necessárias para avançar.

04 de Junho de 2024 às 10:29
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Os planos climáticos dos países ainda não estão em conformidade com o objetivo de triplicar a capacidade de produção de energia renovável a nível mundial até 2030, estabelecido na Cimeira do Clima, COP28, realizada no Dubai no ano passado, segundo um relatório da Agência Internacional da Energia (AIE), divulgado nesta terça-feira.

A AIE diz que embora a energia renovável esteja no centro dos objetivos internacionais em matéria de energia e clima, muito poucos países estabeleceram explicitamente metas para a capacidade instalada até 2030 nas suas atuais Contribuições Nacionalmente Determinadas (CND), ou seja, nos seus compromissos para reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa (GEE).

Os compromissos oficiais de NDC ascendem atualmente a 1 300 gigawatts (GW) - apenas 12% do que é necessário para cumprir o objetivo global de triplicação estabelecido no Dubai.

No entanto, a nova análise por país - abrangendo cerca de 150 países em todo o mundo - conclui que as ambições internas dos governos vão muito mais longe, correspondendo a quase 8 000 GW de capacidade global instalada de energias renováveis até 2030. Isto significa que, se os países incluíssem todas as suas políticas, planos e estimativas existentes nas suas CND previstas para o próximo ano refletiriam 70% do que é necessário até 2030 para atingir o objetivo de triplicação, o que corresponde a 11 000 GW de capacidade instalada de energias renováveis a nível mundial.

Isto indica, segundo a AIE, uma "ampla margem de manobra" para os países alinharem as suas CND com as ambições nacionais, embora o relatório sublinhe que os países também precisam de acelerar a implementação.

"Este relatório deixa claro que o objetivo da triplicação é ambicioso, mas exequível, embora apenas se os governos transformarem rapidamente as promessas em planos de ação", afirma o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.

Ao cumprir os objetivos acordados na COP28, incluindo a triplicação das energias renováveis e a duplicação das melhorias na eficiência energética até 2030, "os países de todo o mundo têm uma grande oportunidade de acelerar o progresso em direção a um sistema energético mais seguro, acessível e sustentável", acrescenta.

 

 

Mais países estão a voltar-se para as energias renováveis, como a solar fotovoltaica e a eólica, na sequência de uma queda acentuada dos custos na última década e de esforços renovados dos governos para construir sistemas energéticos resilientes com menos emissões. De acordo com o relatório, a quantidade de capacidade renovável adicionada anualmente em todo o mundo triplicou desde que o Acordo de Paris foi assinado em 2015.

Este facto deve-se, em grande medida, ao apoio político, às economias de escala e ao progresso tecnológico, que fizeram baixar o custo da energia solar fotovoltaica e eólica em mais de 40% durante o mesmo período, tornando-as "amplamente competitivas" em relação aos combustíveis fósseis. As adições globais de capacidade renovável atingiram quase 560 GW em 2023, um aumento de 64% em relação a 2022, para o qual a China o maior contribuinte.

Ao mesmo tempo, os principais desafios permanecem: desde longos tempos de espera para as licenças dos projetos, investimento inadequado em infraestruturas de rede, necessidade de integrar rapidamente e de forma rentável as energias renováveis variáveis e os elevados custos de financiamento, especialmente nas economias emergentes e em desenvolvimento, refere a AIE.

O relatório propõe ainda ações específicas que os países podem adotar para ultrapassar estes obstáculos. Por exemplo, no que diz respeito à redução dos custos de financiamento para melhorar a capacidade de financiamento dos projetos de energias renováveis, o relatório sugere abordagens como a melhoria da visibilidade das políticas a longo prazo, o apoio a projetos na fase de pré-desenvolvimento e a redução dos riscos de preços, inflação e taxas de câmbio.

 

 

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