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Foto em cima: Filipe Duarte Santos, professor catedrático na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e presidente do júri da categoria Descarbonização, da 3ª edição do Prémio Nacional de Sustentabilidade
A descarbonização da economia e da sociedade é um dos maiores desafios da atualidade, com o objetivo global de chegar a 2050 com zero emissões de dióxido de carbono. Um processo que já começou, inclusive em Portugal, cujo pico máximo de emissões de dióxido de carbono aconteceu em 2005, tendo chegado às 88 megatoneladas de CO2 equivalente. O ano de referência é 1990 com a emissão de 60 megatoneladas de CO2 equivalente. Em 2020, devido à pandemia, o país emitiu perto de 50 megatoneladas de CO2 equivalente, um decréscimo de 9,2% relativamente aos valores de 2019. Os números são revelados por Filipe Duarte Santos, professor catedrático na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. "A descarbonização da economia portuguesa é um processo que vai ser difícil", refere o também presidente do júri da categoria "Descarbonização" do Prémio Nacional de Sustentabilidade. Isto porque, "para se conseguir a descarbonização total da economia portuguesa, até 2050, será necessário reduzir as emissões em 90% relativamente aos valores de 1990. É necessário continuar este processo de redução que é muito exigente."
Ainda assim, fazendo parte da União Europeia, Portugal está inserido na região do mundo "onde tem sido possível reduzir de uma forma significativa as emissões de gases com efeito de estufa sem que isso tenha um efeito sobre o crescimento económico", destaca Filipe Duarte Santos. "Desde 1990, as emissões na União Europeia reduziram cerca de 20%, mas o crescimento económico manteve-se."
Quais são então os maiores desafios que Portugal tem de enfrentar para conseguir alcançar a ambicionada descarbonização? É preciso não só migrar para soluções carbono zero, mas também compensar as emissões emitidas, "que no caso de Portugal será através do sequestro de dióxido de carbono pelas florestas", refere Filipe Duarte Santos, que acrescenta: "É necessário que as florestas contribuam para uma redução de 13 milhões de toneladas de CO2 equivalente, entre 2045 e 2050, que é um objetivo difícil de atingir, porque temos tido uma tendência de área ardida com incêndios florestais e rurais muito significativa." Este é, então, o primeiro grande desafio: manter uma floresta resiliente e sem fogos.
Filipe Duarte Santos destaca também a necessidade de o país recorrer mais à ferrovia, em vez da rodovia: "Temos uma utilização da via-férrea muito limitada comparada com outros países europeus e temos muito transporte por rodovia. Inclusive nas nossas relações comerciais terrestres para o resto da Europa, não utilizamos praticamente a via-férrea e isso é uma dificuldade acrescida para a descarbonização do país."
Premiar a descarbonização
Por tudo isto, no âmbito do Prémio Nacional de Sustentabilidade, organizado pelo Jornal de Negócios, o presidente do júri da categoria "Descarbonização" destaca que "alcançar a sustentabilidade é um desígnio da minha geração, mas sobretudo das gerações mais jovens e das futuras gerações". E neste sentido este prémio, que entra agora na sua 3ª edição, é "uma oportunidade excelente para premiar aquelas pessoas e empresas que têm contribuído e estão a contribuir para o desenvolvimento sustentável nos seus vários aspetos".
A descarbonização da economia e da sociedade é um dos maiores desafios da atualidade, com o objetivo global de chegar a 2050 com zero emissões de dióxido de carbono. Um processo que já começou, inclusive em Portugal, cujo pico máximo de emissões de dióxido de carbono aconteceu em 2005, tendo chegado às 88 megatoneladas de CO2 equivalente. O ano de referência é 1990 com a emissão de 60 megatoneladas de CO2 equivalente. Em 2020, devido à pandemia, o país emitiu perto de 50 megatoneladas de CO2 equivalente, um decréscimo de 9,2% relativamente aos valores de 2019. Os números são revelados por Filipe Duarte Santos, professor catedrático na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. "A descarbonização da economia portuguesa é um processo que vai ser difícil", refere o também presidente do júri da categoria "Descarbonização" do Prémio Nacional de Sustentabilidade. Isto porque, "para se conseguir a descarbonização total da economia portuguesa, até 2050, será necessário reduzir as emissões em 90% relativamente aos valores de 1990. É necessário continuar este processo de redução que é muito exigente."
Ainda assim, fazendo parte da União Europeia, Portugal está inserido na região do mundo "onde tem sido possível reduzir de uma forma significativa as emissões de gases com efeito de estufa sem que isso tenha um efeito sobre o crescimento económico", destaca Filipe Duarte Santos. "Desde 1990, as emissões na União Europeia reduziram cerca de 20%, mas o crescimento económico manteve-se."
Quais são então os maiores desafios que Portugal tem de enfrentar para conseguir alcançar a ambicionada descarbonização? É preciso não só migrar para soluções carbono zero, mas também compensar as emissões emitidas, "que no caso de Portugal será através do sequestro de dióxido de carbono pelas florestas", refere Filipe Duarte Santos, que acrescenta: "É necessário que as florestas contribuam para uma redução de 13 milhões de toneladas de CO2 equivalente, entre 2045 e 2050, que é um objetivo difícil de atingir, porque temos tido uma tendência de área ardida com incêndios florestais e rurais muito significativa." Este é, então, o primeiro grande desafio: manter uma floresta resiliente e sem fogos.
Desde 1990, as emissões na União Europeia reduziram cerca de 20%, mas o crescimento económico manteve-se.
Alcançar a sustentabilidade é um desígnio da minha geração, mas sobretudo das gerações mais jovens e das futuras gerações. Filipe Duarte Santos
Outro grande desafio será conseguir um fornecimento contínuo de energia proveniente de fontes renováveis. "Relativamente ao conjunto dos países da União Europeia, Portugal tem uma penetração de energias renováveis na geração de eletricidade muito significativa, das maiores no Sul da Europa, e nesse aspeto a nossa posição é bastante boa", salienta o professor catedrático. Porém, esta "é uma forma de energia intermitente e é necessário termos aquilo a que se chama um backup, ou seja, uma potência firme para suprir as necessidades quando efetivamente não temos as energias renováveis disponíveis, sobretudo à noite ou quando não há vento, nos casos das energias solar e eólica". E esta será uma solicitação cada vez maior de Portugal, na medida em que as crescentes secas que assolam o país dificultam a geração de energia via hidroelétrica, visto as barragens estarem vazias. "Portanto, temos de compensar a energia hídrica com a energia eólica e a energia solar. E temos o problema de ter uma potência firme para garantir isso e que não há", salienta.Alcançar a sustentabilidade é um desígnio da minha geração, mas sobretudo das gerações mais jovens e das futuras gerações. Filipe Duarte Santos
Filipe Duarte Santos destaca também a necessidade de o país recorrer mais à ferrovia, em vez da rodovia: "Temos uma utilização da via-férrea muito limitada comparada com outros países europeus e temos muito transporte por rodovia. Inclusive nas nossas relações comerciais terrestres para o resto da Europa, não utilizamos praticamente a via-férrea e isso é uma dificuldade acrescida para a descarbonização do país."
Premiar a descarbonização
Por tudo isto, no âmbito do Prémio Nacional de Sustentabilidade, organizado pelo Jornal de Negócios, o presidente do júri da categoria "Descarbonização" destaca que "alcançar a sustentabilidade é um desígnio da minha geração, mas sobretudo das gerações mais jovens e das futuras gerações". E neste sentido este prémio, que entra agora na sua 3ª edição, é "uma oportunidade excelente para premiar aquelas pessoas e empresas que têm contribuído e estão a contribuir para o desenvolvimento sustentável nos seus vários aspetos".