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Universidade de Coimbra usa produtos endógenos para projeto de bioeconomia circular

“Bi-Wellness” é o nome do projeto desenvolvido pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, que tem como objetivo valorizar plantas aromáticas e subprodutos das indústrias vinícola e olivícola da Beira Interior.

21 de Fevereiro de 2025 às 16:10
Em 2013, a Universidade de Coimbra foi considerada Património Mundial da UNESCO. Durante séculos, foi a única universidade portuguesa e afirmou, na cidade do rio Mondego, uma identidade cultural.
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Desenvolver produtos inovadores e sustentáveis para o bem-estar humano e animal é o grande objetivo do projeto de investigação "Bi-Wellness", da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). A iniciativa parte do conceito de bioeconomia circular para valorizar os recursos endógenos da Beira Interior, como as águas termais, plantas aromáticas autóctones e subprodutos das indústrias vinícola e olivícola.

"O Bi-Wellness aplica uma abordagem ‘uma só saúde’, promovendo simultaneamente a saúde humana, animal e ambiental", explica Hermínio Sousa. O coordenador do projeto e professor da FCTUC detalha que a intenção é "criar produtos de valor acrescentado através da valorização de alguns recursos endógenos da Beira Interior, sob o conceito de bioeconomia circular". 

Na prática, significa desenvolver tecnologias e processos mais sustentáveis, em particular processos energeticamente menos intensivos e métodos de processamento verdes. Para isso, consegue-se uma redução na utilização de solventes e de produtos químicos obtidos a partir de fontes não renováveis.

O projeto liderado pelo Centro de Engenharia Química e Recursos Renováveis para a Sustentabilidade (CERES), da FCTUC, conta com a participação do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), o Instituto Politécnico de Viseu (IPV) e a Universidade de Salamanca, além de entidades e empresas regionais.

Nesta fase, a equipa de investigadores pretende desenvolver produtos cosméticos, de higiene pessoal e repelentes de insetos para animais de companhia e de produção. "Pretende-se desenvolver produtos exclusivos, baseados numa identidade regional Beira Interior, uma vez que estes serão coformulados com águas termais e com produtos naturais obtidos a partir de recursos biológicos endógenos da região, conferindo-lhes características diferenciadoras no mercado", afiança Hermínio Sousa.

Nesta região de baixa densidade populacional, que só nos últimos dez anos perdeu quase 30 mil habitantes, os valores do PIB per capita são "baixos" e o desemprego é mais elevado do que noutras zonas do país – uma realidade que os responsáveis deste projeto querem ajudar a mudar. Luís Silva, investigador e coordenador da equipa do IPG, sublinha a importância de criar "medidas capazes de estimular e desenvolver atividades económicas mais sustentáveis e de âmbito local".

A inovação é, de resto, um importante aliado para o sucesso desta missão a que se propõe este grupo de investigadores. Através da aplicação de técnicas de deteção remota e processamento digital de imagem, a equipa vai mapear e georreferenciar plantas aromáticas autóctones ainda pouco exploradas.

Numa segunda fase, a ideia é dar início ao desenvolvimento de repelentes para animais de companhia e de produção, procurando ajudar ao "controlo de parasitas". "Isto contribuirá não só para a economia regional, mas também para a saúde pública, ao mitigar o risco de transmissão de doenças entre animais e humanos", aponta Catarina Coelho, professora do IPV.

A colaboração de empresas regionais é, asseguram os responsáveis pelo Bi-Wellness, fundamental. "A colaboração efetiva de empresas, de preferência regionais, de áreas como cosmética, higiene pessoal e saúde animal, será crucial para o sucesso do projeto uma vez que, sem elas, os objetivos estabelecidos a médio e longo prazo nunca poderão ser alcançados", remata Hermínio Sousa.

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