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A prioridade da Europa deve ser a proteção dos oceanos, até porque são eles quem "captam 90% do calor excessivo gerado pelas atividades humanas, abrigam 80% da biodiversidade mundial", apontou o presidente do Conselho Europeu durante a iniciativa SOS Ocean, um evento organizado pela República Francesa com a Fundação Oceano Azul. "A segurança e prosperidade da Europa dependem de uma estratégia global para os oceanos", reiterou António Costa em Paris.
O encontro que juntou decisores, cientistas e políticos serve de preparação à realização da Conferência do Oceano das Nações Unidas (UNOC3), prevista para os dias 9 a 13 de junho em Nice, França. "Todas as decisões sobre o oceano devem ser tomadas com base na ciência. Vivemos um período em que muitas grandes potências pararam de financiar os organismos públicos de investigação científica", assinalou ainda o presidente francês, Emmanuel Macron, em alusão à deriva negacionista do Executivo norte-americano liderado por Donald Trump. "A Europa deve considerar o Oceano como uma causa e uma missão para 2050", acrescentou António Costa.
O evento tinha ainda como objetivo unir esforços em torno da subscrição de um manifesto pelos oceanos, em que se destacam cinco grandes temas: o desenvolvimento de uma estrutura ambiciosa e robusta para a governação internacional do oceano, o combate à poluição, a implementação de Áreas Marinhas Protegidas, a criação de uma economia azul sustentável e a promoção de ciência, investigação e conhecimento sobre o oceano. "Não podemos simplesmente constatar e discutir possíveis soluções, nem contentar-nos com uma declaração política consensual negociada antes da UNOC. É fundamental agir", lê-se no manifesto.
A reunião de especialistas e decisores em Paris apresentou um conjunto de propostas concretas para que os líderes mundiais possam integrar. À cabeça, a criação de uma moratória global e imediata para impedir a mineração do mar profundo durante, pelo menos, dez anos, logo seguida do apelo à ratificação por 60 nações do Tratado do Alto-Mar até ao primeiro dia da UNOC3.
A lista de ações inclui a adoção de um Tratado Global dos Plásticos, a descarbonização do transporte marítimo, a criação de um roadmap para a implementação da proteção de 30% do oceano até 2030, o lançamento de mecanismos para financiar projetos de economia azul e a restrição aos subsídios à pesca destrutiva.
"A nossa ambição precisa de ser realista e pragmática", aponta José Soares dos Santos. O presidente da Fundação Oceano Azul diz que, "no contexto da UNOC3, devemos exigir resultados acionáveis sem precedentes, e desafiar para a construção de um plano de ação transformador para 2025-2030, que dê destaque a soluções na resposta aos desafios que o oceano enfrenta".
"A UNOC3 será um momento crítico e não seremos bem-sucedidos se as nações recuarem nas suas metas planetárias", acrescenta Tiago Pitta e Cunha, CEO da Fundação Oceano Azul.