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Greenwashing reduz compromisso dos colaboradores, aponta estudo

Investigadores do Instituto Superior Miguel Torga concluíram que os impactos afetam consumidores e funcionários. Práticas de sustentabilidade “autênticas” são fundamentais, defendem.

19 de Fevereiro de 2025 às 18:27
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A produtividade e motivação dos colaboradores é reduzida "drasticamente" quando se apercebem que as suas empresas adotam "práticas sustentáveis superficiais ou enganosas", conclui um novo estudo do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), em Coimbra. Em causa está o chamado greenwashing, ou seja, a comunicação de sustentabilidade para aparentar um trabalho sério em matéria de ESG.

"Greenwashing effects inside organizations: how does it affect organizational citizenship behaviours for the environment?", coordenado pela investigadora Célia Santos, mostra que esta publicidade enganosa causa impactos negativos no ambiente de trabalho e reduz não apenas a satisfação dos colaboradores, mas também o sentimento de pertença à organização.

"O greenwashing é um sinal de hipocrisia corporativa e mina a confiança dos colaboradores nas suas empresas, criando um conflito entre os valores pessoais e as práticas empresariais detetadas", explica a também docente no ISMT.

Em sentido contrário, porém, os dados apontam para que, quando as empresas adotam práticas de sustentabilidade genuínas, é possível "fortalecer o vínculo com os seus colaboradores, que se sentem mais alinhados e comprometidos com a empresa". Além de prejudicar a imagem interna da organização, o greenwashing é visto como uma ameaça à reputação externa da empresa.

"A mensagem é clara: práticas ambientais autênticas e transparentes são fundamentais para construir relações saudáveis e sustentáveis com todos os envolvidos na organização", defende Célia Santos. Segundo a investigadora, "as empresas que procuram construir um futuro sustentável devem priorizar estas práticas, investindo em estratégias ambientais reais e numa comunicação transparente que alinhe os valores institucionais que são publicitados, interna e externamente, com a realidade que os colaboradores assistem".

O estudo, que foi publicado no Social Responsability Journal, revela ainda que os comportamentos voluntários dos colaboradores em matéria de sustentabilidade, nomeadamente o incentivo, entre colegas, à redução do desperdício, reutilização de materiais e práticas ecológicas, são "essenciais para o desempenho ambiental das empresas".

É, por isso, fundamental criar nas organizações uma cultura sustentável. "É urgente a existência de práticas empresariais responsáveis que preservem não só o ambiente, mas também a confiança e o compromisso dos seus recursos humanos", insiste Célia Santos.

Recorde-se que, em 2024, o Parlamento Europeu aprovou uma diretiva que classifica o greenwashing como uma prática empresarial desleal, exigindo maior transparência das empresas. A legislação, que deverá ser implementada até 2026, define medidas preventivas para reforçar a confiança dos consumidores nas iniciativas de sustentabilidade corporativa.

"Assegurar que as ações das organizações estão alinhadas com os princípios de transparência e de responsabilidade ambiental é um passo extremamente importante para a União Europeia", remata a coordenadora do estudo.

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