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Tecnologias para modificação da radiação solar ainda não estão maduras, diz estudo

Técnicas como gestão de nuvens, branqueamento de telhados ou colocação de espelhos na órbita terrestre, para travar as alterações climáticas, precisam de mais investigação, conclui um painel de peritos.

28 de Fevereiro de 2023 às 08:36
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A modificação da radiação solar (MRS), um conjunto de técnicas que procuram alterar a quantidade de radiação solar que atinge a Terra, com o objetivo de mitigar os efeitos das alterações climáticas, ainda não está suficientemente madura para ser aplicada, conclui um painel de investigadores convocado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Segundo o estudo "Uma Atmosfera: Uma Análise de Peritos Independentes sobre Investigação e Implementação da Modificação da Radiação Solar", é necessária mais investigação sobre os riscos e benefícios destas tecnologias antes de qualquer consideração para uma potencial implantação.

A modificação da radiação solar inclui técnicas como gestão de nuvens, branqueamento de telhados e pavimentos urbanos, criação de superfícies refletoras ou colocação de espelhos ou partículas na órbita terrestre, de forma a refletir para o espaço a luz que chega à Terra.

Algumas dessas técnicas, como a gestão de nuvens e a colocação de partículas na órbita terrestre, são controversas devido aos seus possíveis efeitos colaterais e à sua capacidade limitada de reduzir as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.

O painel conclui que a MRS ainda não está pronta para ser implantada em grande escala para arrefecer a Terra, não sendo, portanto, uma solução para uma rápida redução das emissões de gases com efeito de estufa. "As alterações climáticas estão a levar o mundo para terrenos desconhecidos, com a procura de todas as soluções viáveis", refere Andrea Hinwood, cientista-chefe do PNUMA. "No entanto, todas as novas tecnologias devem ser claramente compreendidas e identificados os potenciais riscos ou impactos antes de serem postos em prática", acrescenta.

Medidas temporárias de emergência como as tecnologias de MRS estão a ser levantadas no discurso científico e público, dado que os esforços globais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa não estão no bom caminho para cumprir o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5°C, segundo o Acordo de Paris.

Estas tecnologias visam arrefecer rapidamente a Terra, refletindo uma pequena percentagem da luz solar de volta para o espaço. Enquanto algumas tecnologias, como a injeção de aerossóis estratosféricos, estão mais maduras e as experiências ao ar livre estão a ser ativamente prosseguidas, a revisão encontra questões críticas não resolvidas no geral, refere o PNUMA. "O setor privado e os reguladores precisam de lidar com as incertezas destas tecnologias, responder a algumas questões fundamentais sobre segurança e empregar o princípio da precaução antes mesmo de poderem ser contempladas", referiu o cientista.

 

Para além das incertezas sobre os impactos sociais e ambientais das tecnologias de MRS, estas também não abordam as causas das alterações climáticas, pelo que não vão corrigir ou alterar os impactos que já estamos a sofrer, conclui o painel.

A modificação da radiação solar não é, portanto, uma solução definitiva para combater as alterações climáticas e não deve substituir a redução das emissões de gases de efeito estufa. "Não há atalhos ou substitutos para cortar as emissões nocivas e não há melhor alternativa para a nossa paz, saúde e bem-estar do que a mudança para uma economia circular, em harmonia com a natureza", conclui Andrea Hinwood.

 

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