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Até 2030, europeus vão receber em casa quase 22 mil milhões de sacos de plástico

Estudo mostra que, no ano passado, foram enviados 7,8 milhões de sacos por dia só através do comércio eletrónico de moda. Apenas 7% destes materiais são reciclados.

11 de Abril de 2025 às 14:41
Bruno Simão
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O impacto ambiental do comércio eletrónico de moda continua a crescer a um ritmo preocupante. Em 2024, os retalhistas de moda online entregaram cerca de 2,9 mil milhões de sacos de plástico desnecessários a compradores em toda a Europa, o equivalente a 7,8 milhões de sacos por dia. A maioria deste material acaba por ter um destino pouco sustentável: 93% dos sacos não são reutilizados nem reciclados, sendo encaminhados para aterros ou incineração.

Com o aumento da procura por compras online, a previsão para os próximos anos não é animadora. Estima-se que, até 2030, o número de sacos de plástico usados neste setor cresça 43%, atingindo os 21,8 mil milhões de unidades entregues aos lares europeus. A manter-se esta tendência, mais de 3,8 mil milhões de sacos serão anualmente descartados de forma insustentável.

Os dados fazem parte de um estudo recente centrado nos seis maiores mercados europeus de moda online e revelam a urgência de uma transição para soluções mais ecológicas. Apenas 7% dos sacos utilizados são reciclados ou reutilizados, o que evidencia a ineficácia dos sistemas atuais de gestão de resíduos no setor.

A mudança para alternativas mais sustentáveis é, cada vez mais, uma exigência dos próprios consumidores. Segundo o mesmo estudo, 74% dos compradores europeus apoiam a eliminação gradual do plástico nas compras online e 67% preferem receber os seus artigos embalados em papel ou cartão. Estes dados revelam uma clara predisposição dos consumidores para adotar hábitos de consumo mais responsáveis, desde que tenham essa possibilidade.

Apesar disso, a adoção de embalagens sustentáveis ainda é reduzida. Uma análise da Ellen MacArthur Foundation indica que, globalmente, apenas 20% das embalagens plásticas têm potencial de ser reutilizadas e menos de 14% são efetivamente recicladas. No setor da moda, a elevada rotatividade de produtos e a pressão sobre os prazos de entrega dificultam a implementação de soluções ecológicas mais robustas.

Face a este cenário, várias organizações têm apelado à adoção de políticas públicas mais rigorosas e ao compromisso da indústria com práticas de economia circular. Soluções como embalagens reutilizáveis, materiais biodegradáveis ou sistemas de devolução de embalagens têm vindo a ser testadas em alguns mercados, com resultados promissores.

À medida que o comércio online continua a crescer, a responsabilidade pelo futuro ambiental das embalagens não pode ser descurada. Os consumidores já deram sinais claros de mudança. Cabe agora às empresas e aos legisladores responder com ações concretas.

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