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Os consumidores estão a valorizar cada vez mais a eficiência energética na hora de comparem produtos eletrónicos de longa duração, revela uma nova análise da GFK, que salienta que a sustentabilidade se tornou numa prioridade aquando da aquisição deste tipo de produtos.
Os dados do estudo "Consumer Life" revelam que a alteração dos rótulos energéticos dos eletrodomésticos, lançada pela União Europeia (UE) em março de 2021, teve implicações diretas nas vendas.
A venda de modelos de classe A mais do que duplicou num ano e a sua quota ultrapassou os 60% em alguns países e categorias. De salientar que os preços mudaram significativamente, sendo que em 2020 o preço médio de uma máquina de lavar loiça A+++ (rótulo antigo) na Europa era de 688€; em 2022, os consumidores pagaram uma média de 1.438€ pelo mesmo produto com um rótulo A (topo da classe energética, sendo a G a menos eficiente).
Segundo a empresa de estudos de mercado, os consumidores estão disponíveis a pagar mais por produtos amigos do ambiente, com embalagens sem plástico, sendo agora as preocupações ambientais um dos critérios que mais influenciam a compra de bens de consumo tecnológico com maior durabilidade.
Nos próximos anos, segundo divulga a GFK Portugal, prevê-se que os eletrodomésticos energicamente mais eficientes continuem a ganhar espaço no mercado, à medida que a norma passe a rotular progressivamente os produtos.
Uma outra tendência que continua a demonstrar crescimento no mercado de bens tecnológicos de consumo são os produtos recondicionados. O estudo da GfK revela que 27% dos consumidores no mundo inteiro já compraram algo em segunda mão. Neste campo, os smartphones continuam a dominar este mercado, mas os computadores portáteis e as consolas de jogos estão também a crescer.
Este movimento pode justificar-se pelos sinais de saturação que se têm verificado no mercado global dos smartphones, com as taxas de crescimento em declínio. Dados da GfK, em França, revelam que, em 2022, os aparelhos recondicionados registaram uma taxa de crescimento de 24% em valor em comparação com o ano anterior, enquanto que os dispositivos novos registaram um crescimento de apenas 3%.
"Na análise global é preciso compreender que para os consumidores o meio ambiente é uma prioridade constante que tende a manter-se, independentemente de eventuais novas preocupações. Os principais indicadores demonstram ainda que os mercados começam a ser impulsionados por iniciativas sustentáveis, que vão além da alteração de rótulos", destaca a GFK Portugal.
Neste sentido, refere-se que a questão para a indústria de bens de consumo tecnológico com maior durabilidade não é "se", mas "quando" os consumidores vão colocar a sustentabilidade como um fator de exclusão no momento da compra. "É cada vez mais relevante que a estratégia da indústria seja dedicada à sustentabilidade, através da implementação de processos de produção mais ecológicos e só depois partir para a comunicação das mensagens certas, evitando assim uma imagem de greenwashing", destaca a análise.