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Emissões descem e resíduos aumentam em Portugal

A aposta em eletricidade produzida a partir de fontes de energia renováveis é uma das razões para a queda das emissões de gases com efeito de estufa, segundo novas estatísticas do INE. Já os resíduos continuam a ser a “pedra no sapato” da sustentabilidade no país.

23 de Dezembro de 2022 às 10:18
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As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) caíram 1,3% em 2021, pelo quinto ano consecutivo, segundo estatísticas provisórias divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

"Esta tendência reflete sobretudo o aumento de 4,5% da eletricidade produzida a partir de fontes de energia renováveis (64,9% do total de eletricidade em 2021), mantendo-se o crescimento consecutivo desde 2017", refere o INE.

Recorde-se que, para atingir a neutralidade carbónica, terão de ser reduzidas as emissões de GEE. A meta intermédia de Portugal para 2020 foi cumprida (redução entre 18% a 23%), com uma redução superior ao definido (-32,9% face a 2005), salientando o INE que a pandemia contribuiu para essa redução, nomeadamente pelo impacto no abrandamento da atividade económica. Em 2021, manteve-se o decréscimo das emissões (-33,8% face a 2005), alinhado com a meta nacional para 2030 de reduzir as emissões de GEE entre 45% a 55% face às emissões de 2005.

A aposta nacional nas fontes de energia renováveis (FER) para produção de eletricidade tem contribuído para a redução das emissões de GEE, fundamentalmente por permitirem a redução do consumo de combustíveis fósseis para produção de eletricidade. Entre 2006 e 2021, a incorporação de FER aumentou 31,3 p.p., ou seja, equivalente a um aumento de 104,4% na eletricidade produzida a partir destas fontes. "Esta evolução foi determinante para que, em 2020, se tenha atingido o objetivo de 60% (59,6%) estipulado no Plano Nacional para as Energias Renováveis (PNAER) para esse ano, tendo a meta para 2030 sido fixada em 80%", refere o relatório.

A redução da dependência energética do exterior, que passou de 88,8% em 2005 para 67,1% em 2021, também contribuiu para a redução das emissões de GEE. Pretende-se que se mantenha numa trajetória descendente pelo menos até 65% em 2030.

Resíduos continuam a aumentar

O lado menos positivo do país em termos de sustentabilidade continua a ser a gestão de resíduos. Segundo as novas estatísticas, houve um aumento da geração de resíduos setoriais (+20,4%).

Os resíduos setoriais gerados em Portugal pelo tecido empresarial totalizaram 13,6 milhões de toneladas (+20% face a 2020), destacando-se as atividades de construção (+944 mil toneladas) e o comércio e serviços (+388 mil toneladas) com aumentos absolutos mais significativos. Tal deve-se "em parte como consequência do crescimento económico e, em particular, do crescimento do setor da construção, com os resíduos provenientes da construção a aumentarem 53,1%", refere o INE.

O indicador de preparação para a reutilização e reciclagem de resíduos urbanos acentuou a tendência de decréscimo, atingindo 32% em 2021 (-6 p.p face a 2020) e afastando-se da meta de 55% a atingir em 2025. 

O INE destaca, no entanto, que, embora os resíduos urbanos gerados tenham registado igualmente um incremento, o rácio entre os resíduos urbanos e o PIB melhorou em 3,2% face a 2015 (-5,2 p.p. comparativamente a 2020).

Mais investimento no ambiente

A despesa da administração pública em atividades de proteção ambiental continuou a aumentar, fixando-se em 1 378 milhões de euros em 2021 (1 035 milhões de euros em 2020). Em 2021, 15,3% das empresas industriais desenvolveram atividades de gestão e proteção do ambiente. Os investimentos das empresas aumentaram 18,3%, resultante sobretudo da variação no domínio "Proteção da Qualidade do Ar e Clima" (+60,5%).

O INE refere também que as entidades produtoras de bens e serviços de ambiente faturaram 10,6 mil milhões de euros (8,6 mil milhões de euros em 2020), dos quais 5,7 mil milhões de euros resultaram de atividades ambientais no âmbito de gestão dos recursos, o que correspondeu a um acréscimo de 18,8% face a 2020.

De salientar ainda que o ano 2021 foi quente e seco, registando, ainda assim, o menor número de incêndios rurais dos últimos 10 anos em Portugal continental (8 186 ocorrências) e a segunda menor área ardida (28,4 mil hectares).

 

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