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O setor das energias limpas acrescentou 320 mil milhões de dólares à economia mundial em termos de valor acrescentado, em 2023, o que representa mais 10% do crescimento do PIB mundial.
Segundo a Allianz Trade, a Europa e a China têm liderado a transformação verde. Porém, enquanto que os investimentos verdes da China continuam a crescer, atingindo 676 mil milhões de dólares em 2024 (3,7% do seu PIB), os níveis de investimento da Europa começaram a estabilizar na casa dos 500 mil milhões de dólares. Estes diminuíram mesmo em relação ao seu PIB de 1,9% para 1,8% nos últimos dois anos, após o início da crise energética mundial, revela a análise realizada.
A China, de acordo com o estudo, consegue ter economias de escala e baixos custos energéticos, de capital de recursos humanos, o que lhe permite aumentar o nível de investimento e, por conseguinte, assegurar uma posição dominante.
No caso da energia fotovoltaica, a China é responsável por cerca de 80% da produção mundial de polissilício, células e módulos solares, bem como por 97% da produção de wafer solar de silicone.
A atual posição dominante no mercado é reforçada pelos recentes desenvolvimentos em matéria de aumento da capacidade de produção. Sendo que as estimativas presentes neste estudo sugerem que, em 2030, é provável que a capacidade de fabrico ecológico da China seja 74% superior à do resto do mundo. Desse montante, a expectativa é que a procura interna represente apenas um terço, o que significa que o remanescente deverá ter como destino os mercados externos, reforçando ainda mais a posição da China como a potência mundial do fabrico de tecnologias limpas.
Perante o desempenho da China na indústria transformadora e no comércio, a Europa levou a cabo algumas medidas de protecionismo verde. O estudo da Allianz Trade sinaliza que, na Europa a percentagem de importações verdes, com origem da China, aumentou de 2,3% em 2014 para 13,6% em 2023. Em contraste, nos EUA essa percentagem permanece muito inferior, com 4,6% no ano passado, reflexo das políticas protecionistas adotadas pelas autoridades norte-americanas. Perante este cenário, a Europa tem estado a introduzir medidas do foro aduaneiro para proteger as suas indústrias verdes. As tarifas sobre os veículos elétricos chineses são o exemplo mais recente.
Por outro lado, a União Europeia está também a trabalhar para robustecer a sua política industrial ecológica com o objetivo de estimular a produção nacional e salvaguardar a competitividade estratégica. Em resposta à Lei de Redução da Inflação dos EUA, que prometeu mais de 360 mil milhões de dólares em créditos fiscais, subvenções e empréstimos para reforçar a produção de tecnologias limpas, recorda a Allianz Trade, o Plano Industrial do Pacto Ecológico da UE visa aumentar a competitividade da indústria europeia de emissões líquidas nulas, com o REPowerEU a afetar mais de 250 mil milhões de euros a aprovações, incentivos fiscais e requalificação da mão de obra.
Contudo, as medidas protecionistas, que visam apoiar as indústrias locais podem também representar riscos para a transição energética e para as relações internacionais, assinalam os analistas. O isolacionismo poderá limitar a produção e a exportação de bens essenciais para a transformação energética mundial, conduzindo a preços mais elevados e a potenciais atrasos nos objetivos de descarbonização das economias.
Para um crescimento ecológico sustentável, indica o estudo, a Europa deve avaliar cuidadosamente quais os setores que podem competir a nível mundial, onde se justificam medidas de proteção e onde a criação de barreiras ao comércio ecológico causaria mais danos do que benefícios. A energia eólica e o hidrogénio são dois setores-chave em que a Europa já detém uma posição forte e pode capitalizar as oportunidades de crescimento verde, em especial se começar a pensar para além das suas fronteiras, indica o estudo.