Opinião
Quem quer ser funcionário público?
O discurso dos últimos governos transformou a Função Pública numa espécie de ‘alma danada’ do défice orçamental. Os funcionários públicos assistiram ao congelamento dos seus salários e carreiras, ao aumento da idade da reforma e à perda de uma série de di
PS e PSD – o famigerado próprio Bloco Central que usou e abusou durante décadas do aparelho do Estado – parecem agora unidos no objectivo prioritário de redução do número de funcionários públicos. Este caminho, juntamente com a introdução de regras de avaliação por mérito, a obrigatoriedade do contrato individual de trabalho e a activação do quadro de supranumerários é penoso mas parece, ao mesmo tempo, inevitável. A reforma da função pública merece, porém, uma constatação e uma inquietação. A constatação é de justiça elementar: é socialista o governo que maior firmeza tem revelado na redução do peso do Estado. Mas a inquietação justifica-se: face a uma tal depuração de benefícios, que incentivo existe hoje para ingressar na função pública? O pior que poderia acontecer ao serviço público seria, de facto, tornar-se um refúgio de incompetentes ou apenas uma alternativa desesperada ao desemprego.
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