Mário Soares é o Prozac destas eleições presidenciais mas tem sido também, durante a campanha eleitoral, um inesperado apóstolo do governo de José Sócrates.

Talvez para fixar o eleitorado fiel ao PS, o antigo Presidente da República tem subscrito sem hesitações as opções do actual poder – até as mais difíceis como o aumento salarial para a função pública – e defendido, de forma igualmente convicta, a passagem de António Guterres por São Bento.

Se havia dúvidas sobre a fidelidade do candidato a outras causas que não as suas, elas estão aparentemente desfeitas: Soares é fixe para o PS. E o PS é fixe para Mário Soares? Tem dias. O Governo, tal como o partido, tem passado intermitentemente pela campanha do seu candidato oficial.

Quanto ao primeiro-ministro, talvez lá para o ano dê um ar da sua graça. Ou seja, os que viam na escolha de Mário Soares um factor de instabilidade para a governação de Sócrates, bem podem meter a viola no saco.

E é Soares quem se pode queixar de falta de cumplicidade e solidariedade do Governo e do PS em relação à sua candidatura. Veremos se as coisas mudam em Janeiro.