Com o candidato presidencial do PS num interminável e atormentado calvário, José Sócrates bem pode agradecer o ‘milagre’ que transformou um ministro desfocado e titubeante num decisor eficaz e eficiente – ou seja, que faz o que deve ser feito e como deve ser feito. De potencial remodelável a protagonista, com direito a fotografia, nos episódios com final feliz de Sines, da Galp e da EDP, Manuel Pinho vive dias iluminados. E o que fez ele para merecer isto? Fez aquilo que todos os ministros prometem e quase nenhum cumpre: deixou a Economia funcionar. O que parecendo pouco, está longe de o ser. Talvez inebriado com o sucesso – que, sublinhe-se, fez por merecer –, Manuel Pinho afirma agora que não é remodelável. O bom-senso e o traquejo político aconselhariam o ministro da Economia a viver o momento, em silêncio, e a deixar que os factos falassem por si. Ele devia saber, mesmo não sendo um político, que nenhum ministro tem o poder de decidir se continua ou não no Governo – mesmo quando tudo lhe corre de feição. Com um primeiro-ministro como Cavaco Silva, o destino de Manuel Pinho estaria traçado. Com José Sócrates, vamos ver.