Manuela esteve três semanas à espera do vento certo. Do vento que espalhou fotografias de família e as misturou com todas as coisas do mundo. Manuela pôde demorar-se. A fotografia foi sempre a arte da atenção e agora ainda mais. "De plus en plus", frisa a artista e fotógrafa portuguesa que vive em Paris e que testemunha os longos dias de tensão política e social. "É preciso resolver a ambiguidade em que temos vivido - as máscaras estão a cair". Manuela nasceu em Tondela, ao lado de rios e de árvores, numa espécie de arcádia, diz. Em 1967, foi para França com a família. Não foi logo fácil. "Ninguém deixa o seu país por desejo. E sinto que os portugueses estão muito esquecidos desse período de forte emigração. Temos um dever de memória", sublinha. Estudou Literatura na Sorbonne Nouvelle, apaixonou-se pelo cinema e pela imagem, e em 2011 ganhou o Prémio BESPHOTO. Tem a sua obra em várias coleções nacionais e internacionais e é presença regular em museus de todo o mundo. Parte do seu trabalho pode ser visto no livro "Ph.13 Manuela Marques", o mais recente volume dedicado à fotografia portuguesa contemporânea, publicado pela Imprensa Nacional, com a direção editorial de Cláudio Garrudo.