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Ano novo, preços novos. O que muda para as famílias em 2025

Ano novo, preços mais altos. É, em regra, o que acontece em cada viragem de ano, sendo verdade no caso de muitos bens alimentares em 2025, casos do café, do leite ou do pão. Nas telecomunicações há preços mais altos, mas a concorrência da Digi também, traz um travão às atualizações, enquanto na energia, a luz fica mais barata e o gás mais caro. No caso da água, os preços variam muito de município para município, mas deverão manter-se nos níveis atuais.
Diana do Mar, Sara Ribeiro e Bárbara Silva 27 de Dezembro de 2024 às 10:30

Alimentação e bebidas
Pão e café mais caros, conservas estáveis e azeite mais barato

Os gastos com a alimentação vão subir, de uma forma geral, no próximo ano, pressionados pelo aumento dos custos dos fatores de produção, como matérias-primas ou energia, ou do salário mínimo nacional.

Ao Negócios, o presidente da ProVar - Associação Nacional de Restaurantes, Daniel Serra, afirma ser "praticamente inevitável" uma atualização de 10 cêntimos no preço da "bica" nos cafés e pastelarias e de até 30 cêntimos nos restaurantes. A acompanhar o café surge o pão, com a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação a antecipar que continue a encarecer em 2025, apesar de Portugal ter um dos preços por quilograma mais baixos da UE, como referiu a presidente, Deborah Barbosa, à Lusa. O preço dos produtos lácteos, que tem vindo a subir nos últimos meses, também arrisca manter essa trajetória em 2025, segundo indicou o presidente da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite, Idalino Leão, à agência de notícias. Na carne, Graça Mariano, diretora executiva da Associação Portuguesa de Industriais de Carne, que representa toda a fileira à exceção das aves, dá como dado adquirido que vai ficar mais cara, enquanto a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) diz ser de esperar que os preços dos produtos agrícolas acompanhem a inflação ligeira prevista para 2025, assim como os custos dos fatores de produção, isto sem contar com a "sempre certa" imprevisibilidade característica da atividade. Contudo, em alguns casos, como ressalva a CAP ao Negócios, podem mesmo diminuir, como no azeite, cuja campanha de 2024 já chegou ao fim com preços ao produtor cerca de 40% abaixo da anterior. Já o custo das conservas vai manter-se estável, prevê a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe, realçando que "provavelmente" as que têm azeite podem até ficar mais baratas, em linha precisamente com a rota descendente do valor do chamado "ouro líquido". Em termos macro, há dois factores na equação de 2025 que podem influir nos preços: se, por um lado, o imposto sobre as bebidas alcoólicas e as bebidas adicionadas de açúcar ou edulcorantes fica congelado, pelo que não vão encarecer pelo menos pela via fiscal, por outro, o aumento dos valores das contrapartidas financeiras pela recolha seletiva de resíduos de embalagem (que abrangem seis tipos de materiais, desde o vidro ao papel/cartão até ao plástico), a partir de 1 de janeiro, vai mexer na carteira dos consumidores, com os embaladores a estimarem um impacto de "alguns cêntimos por embalagem".


Energia
Fatura da luz desce e Governo quer "manter" a tendência. Gás está mais caro.

2025 traz boas e más notícias para a fatura energética das famílias. A partir de 1 de janeiro os primeiros 200 quilowatts-hora consumidos em cada habitação (300 kWh para as famílias numerosas) serão taxados no IVA a 6% (em vez da taxa máxima de 23%). A "benesse" já existia, mas até agora cobria apenas metade da quantidade de energia elétrica por mês. Esta medida herdada dos socialistas, a juntar à descida de 3,6% das tarifas de acesso às redes em baixa tensão normal, decidida pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, ajudará a baixar as contas da luz no próximo ano.

A ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, já veio dizer que "isso é bom", considerando que são preços mais justos para as famílias. A governante garante que, "se não houver sobressaltos" esta tendência de decréscimo dos preços da energia "vai continuar nos próximos anos".

Olhando apenas para a componente do preço da eletricidade (sem taxas e impostos), no mercado regulado a ERSE decretou um aumento médio de 2,1% em janeiro (face a dezembro), o que corresponde a um aumento entre 64 cêntimos de 1,60 euros. No entanto, diz o regulador, este efeito de subida será mitigado pela baixa do IVA e a queda das tarifas de acesso às redes, resultando, no final das contas, em reduções entre 85 e 91 cêntimos.

A EDP Comercial (que detém 63% dos clientes no mercado livre) já anunciou que "a fatura dos clientes residenciais vai baixar em média 7%, a partir de 1 de janeiro de 2025". A elétrica vai aplicar uma redução média de 6% na componente do preço da eletricidade, denominada por "Energia e Estrutura Comercial", no início do próximo ano. De acordo com a ERSE, cerca de 5,7 milhões de clientes em Portugal já estão no mercado livre de eletricidade, e apenas 870 famílias permanecem no regulado.

Por seu lado, a Galp Energia também já veio comunicar uma baixa de 6% no preço da eletricidade, na componente comercial, desde 1 de dezembro de 2024. Além disso, e fruto das várias alterações introduzidas aos preços ao longo deste ano, a Galp Energia disse ainda que, considerando esta descida média de 6%, "em dezembro, um cliente da Galp verá a sua fatura reduzida em 15% comparando com o início do ano".

No gás natural, os preços para 2025 já estão em vigor desde outubro, com a ERSE a ditar um aumento médio de 6,9% no regulado (mais 88 cêntimos a 1,68 euros na fatura mensal). No mercado livre, EDP, Galp, Goldenergy e a Endesa também aumentaram os preços do gás para o próximo ano.


Água e Resíduos
Mil litros de água vão continuar a custar "menos do que três cafés" em 2025?

Dois euros por cada mil litros de água. Este é o preço que a presidente da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), Vera Eiró, considera justo para os consumidores portugueses. Tendo em conta que o consumo médio mensal de um agregado familiar padrão é de cerca de 10 mil litros, isto equivale a 20 euros. Apenas pela água gasta nas torneiras de casa.

No entanto, as faturas nacionais mostram valores diferentes. Segundo os dados do regulador, a meio deste ano a conta total da água a nível nacional estava (em média) nos 31,79 euros: 13,54 euros relativos ao abastecimento de água, 10,29 euros para tratamento de águas residuais e 7,96 euros pela recolha e tratamento de resíduos.

Há, contudo, municípios que cobram valores muito abaixo destas médias e outros que cobram preços substancialmente mais elevados. De acordo com a ERSAR, Castro Daire (9,62 euros), Terras do Bouro (10,61 euros), Vila Flor (11,42 euros) e Resende (11,75 euros) são os que têm a conta da água mais reduzida por mês. No extremo oposto estão os concelhos de Amarante (46,76 euros), Trofa (46,62 euros), Vila Nova de Gaia (45,41 euros), Oliveira de Azeméis (45,27 euros) e Baião (44,97 euros). Ou seja, a diferença entre a fatura mais cara - em Amarante - e a mais barata - em Castro Daire - é de 37,14 euros. Em Amarante (que tem como entidades gestoras a Águas do Norte e a câmara municipal), o abastecimento de água custa 18,82 euros por mês, as águas residuais 14,76 euros e os resíduos 13,18 euros, enquanto em Castro Daire (entidade gestora é a câmara municipal para as águas e a Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão para os resíduos) estes valores são de 5,67, 1,45 e 2,5 euros, respetivamente.

Com a definição dos tarifários de água e resíduos 100% na mão dos municípios, a Deco Proteste diz que "não encontra justificações válidas para estas disparidades", sendo que estas "não se explicam apenas por diferenças nos investimentos em reabilitação de redes ou por ineficiências na gestão dos sistemas".

A organização alerta ainda para "a insustentabilidade financeira de alguns serviços, com coberturas de gastos muito baixas". Ou seja, os municípios cobram um valor demasiado baixo pelos serviços de água e resíduos que prestam aos cidadãos, criando défices que se acumulam há anos. Neste contexto, a Deco Proteste "aplaude o reforço dos poderes da ERSAR", que a partir de 2026 passará a "regulamentar, avaliar e auditar a fixação e aplicação de tarifas".


Telecomunicações
Meo sobe preços, Nos e Digi não

Depois de vários anos consecutivos de subidas de preços, para 2025 algumas operadoras vão dar tréguas. É o caso da Nos, que já garantiu que não vai alterar os atuais tarifários. operadora liderada por Miguel Almeida assegura que "não vai aumentar os seus preços em 2025". Uma decisão "transversal a todos os serviços e tarifários de telecomunicações", disse ao Negócios fonte oficial.

Pelo contrário, a Meo já informou que vai proceder a aumentos no valor da inflação, que deverá rondar os 2,6%. "A Altice Portugal vai proceder à atualização de preços em 2025, conforme contratualmente previsto e já divulgado, com exceção dos serviços da marca digital UZO e da marca para o segmento jovem, Moche, que não vão ser atualizados", detalhou a operadora liderada por Ana Figueiredo.

A decisão da Vodafone não era conhecida até ao fecho da edição. Contactada pelo Negócios, a empresa referiu apenas que "a esta data ainda não nos é possível antecipar eventuais atualizações de preços".

Já a Digi, que entrou no mercado português no início de novembro, disse logo no lançamento dos seus serviços que não iria aumentar os preços, nem à inflação. Como a Autoridade da Concorrência tinha estimado, o impacto da Digi só deverá ter impacto nos preços a médio prazo.

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