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13 de Julho de 2006 às 13:59

Olhar lá para fora

Foi publicado há dias o relatório da Câmara de Comércio Internacional denominado World Economic Survey, documento que é elaborado com o apoio financeiro da Comissão Europeia.

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Diz esse relatório que o clima económico mundial continua favorável e que a expansão económica está robusta. Refere ainda que a Europa Ocidental regista uma sólida recuperação, sendo que a maioria dos países da Zona Euro melhoraram a sua situação relativamente a Janeiro.

A América do Norte tem expectativas optimistas, a Europa de Leste está estável, os países da CIS melhoraram a sua economia, a Ásia continua a explodir, a América Latina estabilizou num nível favorável em Abril, o Próximo Oriente continua favorável e a África do Sul e a Austrália também.

Sobre Portugal, diz o seguinte: «Só dois países na Zona Euro se desviaram desta tendência positiva – Itália e Portugal.»

Sabendo nós que Portugal não é uma potência económica capaz de rumar, sozinha, no sentido contrário ao da tendência dominante que rege o mundo, resta-nos reconhecer que estamos tão mal governados que até num momento de tão forte crescimento económico não conseguimos aproveitar o balanço para desenvolver este país.

De facto, algo tem de estar muito mal quando uma economia pequena como a nossa – e tão dependente da economia exterior – não tem o mínimo de ligeireza que lhe permita ser das primeiras a aproveitar os bons ventos que lhe chegam de tantos quadrantes.

Numa altura em que muito se fala em tornar Portugal num país de serviços, é essencial aproveitar o crescimento económico mundial para incrementar o desenvolvimento de tal estratégia.

Mas, para que isso aconteça, é desde logo essencial que neste país se saiba que está a acontecer um crescimento económico no Mundo. É essencial que este país receba notícias do que se passa fora dele. É fundamental que este país se abra ao Mundo para que dele venha a tirar proveito. Mas, infelizmente, bem sabemos que não é assim em Portugal!

Abrir uma janela ao mundo

As notícias que chegam lá de fora são sobre guerras ou desastres. Não temos informação económica sobre o que se passa na China, na Índia ou no Japão. Sobre os Estados Unidos só falamos dos erros políticos, desprezando o factor de desenvolvimento que tanta falta nos faz. Sobre a África do Sul, recebemos apenas a imagem de uma profunda insegurança que em nada condiz com o desenvolvimento que o país revela.

Mantemo-nos fechados em nós sem aproveitar o mundo de oportunidades que nos cerca. Pequenos em tamanho, fizemo-nos pequenos em vistas, em valor e em vontade.

A verdade é que, hoje, todos quantos se apresentam como entendidos na análise da economia nacional insistem em dizer-nos que vai demorar muito tempo a ultrapassar esta crise económica e que muitos mais sacrifícios nos vão ser exigidos para lá conseguirmos chegar.

Contudo, basta-nos abrir uma janela ao mundo para que ele nos ajude a encarar o futuro com mais optimismo. Desde logo porque com essa nova atitude de abertura ganharemos uma vontade reforçada, um novo valor, um maior tamanho e uma mais ampla visão do País.

É pois urgente propor aos portugueses em geral – e às empresas em especial – um objectivo novo, um desafio decisivo para o nosso futuro colectivo. Importa que mudemos a nossa atitude perante o mundo, que deixemos de nos esconder no nosso cantinho e partamos à descoberta daquilo que se passa lá fora. Só assim poderemos levar os nossos produtos e as nossas empresas para o mercado global. Só assim poderemos receber desse mercado os frutos que promoverão o nosso desenvolvimento.

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