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15 de Março de 2010 às 11:47

O erro de Sócrates

Depois de muito se ter falado sobre a situação de dificuldade que o nosso país atravessa, situação sempre desvalorizada pelo Governo da república e pelo seu primeiro-ministro, foram-nos agora dadas a conhecer as medidas propostas para fazer face a esta...

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Depois de muito se ter falado sobre a situação de dificuldade que o nosso país atravessa, situação sempre desvalorizada pelo Governo da república e pelo seu primeiro-ministro, foram-nos agora dadas a conhecer as medidas propostas para fazer face a esta posição crítica em que nos encontramos.

As medidas, como de resto quase tudo o que se tem decidido em Portugal, caracterizam-se por serem medrosas, não preverem a verdadeira solução do problema e por nos deixarem para o futuro com a mesma incapacidade de crescimento que já trazíamos do passado.

Num momento em que Portugal reconhece que tem despesa excessiva para que possa ser um país solvente, o Governo apresenta, como medidas de salvação nacional, um aumento da receita fiscal que, não só inibe o desenvolvimento imediato como não resolve a questão essencial para o futuro que é a diminuição da despesa!

Não conheço, em nenhuma situação existente no Mundo em que vivemos, que as crises se ultrapassem sem que se faça um enorme esforço de redução dos custos e sem qualquer maquilhação das receitas, pois o aumento de impostos que é proposto não é mais do que a transferência do problema imediato para as famílias e os portugueses, que mais não são que a base do Estado português.

Aquilo que é fundamental é atacar o problema da despesa e esse só se ataca diminuindo-a.

Isto passa-se nas empresas, que durante esta crise em Portugal já tiveram que dispensar cerca de 5% dos trabalhadores nacionais, passa-se nas famílias, em que se abstêm de consumir para ultrapassar os tempos difíceis, e tem que se passar nos países para se restabelecerem as bases de continuidade que permitam ao País retomar o seu caminho de crescimento económico e de desenvolvimento social.

Quando se enfrenta um mal a sua superação só se faz com verdade e não com fingimento.

As únicas medidas de contenção apresentadas têm que ver com o investimento. É certo que quando a crise financeira nos afronta temos que ser cuidadosos com os investimentos, pois podem ser estes a nos levarem ao descontrolo e a provocar uma situação de falência. Contudo, também aqui estamos a condicionar de algum modo o nosso desenvolvimento futuro, pois esses mesmos investimentos são também motivadores do crescimento económico e ao adiá-los estamos a adiar o seu reflexo na economia.

Em suma, e ao contrário do que deveria estar a ser equacionado, que seria a diminuição da Função Pública, reduzindo o tamanho do monstro, através de despedimento de uma faixa etária que se encontra perto da reforma e a quem seriam garantidos os rendimentos e a própria reforma, criando aí sim um imposto sobre a restante população activa de forma a assegurar esta reestruturação, fomos confrontados com um plano débil de aligeiramento do problema, através daquilo que menos dano político provoca, mas que custa provavelmente mais do que a solução eficaz e definitiva do problema.

Presidente da Associação Comercial de Lisboa




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