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Tarifas, preços no produtor dos EUA e queda da saúde deixam Europa dividida
Acompanhe aqui, minuto a minuto, o desempenho dos mercados desta terça-feira.
Tarifas, preços no produtor nos EUA e queda do setor da saúde deixam Europa dividida
Os principais índices europeus encerraram mistos esta terça-feira, com os investidores a avaliarem, por um lado, uma queda do setor da saúde em bolsa e, por outro, os preços no produtor nos Estados Unidos abaixo do esperado e perspetivas de que Trump implemente as tão esperadas tarifas de forma mais gradual do que o previsto.
A equipa do Presidente eleito está a discutir uma estratégia de aumento de tarifas gradual e mensal, com subidas que podem ficar entre os 2% e os 5%, avançou a Bloomberg. Este cenário iria evitar picos de inflação e dar mais espaço à Reserva Federal para cortar juros antes de junho, como o mercado previa.
O índice de referência europeu, o Stoxx 600, cedeu 0,08% para 508,28 pontos, com o setor da saúde a perder mais de 1,5%, depois de uma atualização do "guidance" da norte-americana Eli Lily ter ficado abaixo do esperado, pressionando os pares europeus. A Novo Nordisk desceu 3,39%.
Também o setor de petróleo e gás desvalorizou 0,7%, depois de a BP, que caiu 2,74%, ter revelado que a redução das margens de refinação iria afetar os lucros do quarto trimestre.
Pela positiva, o setor da banca valorizou 1%.
Noutros movimentos, a JD Sports caiu mais de 6%, depois de a retalhista britânica ter revisto em baixa as previsões de lucro para 2025.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão DAX somou 0,69%, o francês CAC-40 valorizou 0,2%, o italiano FTSE MIB ganhou 0,93% e o espanhol IBEX 35 avançou 0,55%. Pela negativa, o britânico FTSE 100 perdeu 0,28% e, em Amesterdão, o AEX registou um decréscimo de 0,03%.
Juros agravam-se na Zona Euro
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro agravaram-se em toda a linha esta terça-feira, mantendo-se em máximos de vários meses, numa altura em que vários países têm ido ao mercado emitir dívida, com a procura a superar a oferta na maioria das colocações.
Os juros das Bunds a 10 anos, de referência para a Zona Euro, agravaram-se 3,8 pontos base para 2,648%.
As "yields" equivalentes de França agravaram-se 1,3 pontos base para 3,469% - num dia em que o primeiro-ministro francês, François Bayrou, apelou ao fim da "sobrecarga de dívida" do país e à renegociação da idade da reforma, na sua primeira declaração de política geral na Assembleia Nacional - enquanto a rendibilidade das dívidas espanhola e italiana avançou 2 e 1,8 pontos base para 3,323% e 3,838%.
A nível nacional, as yields da dívida portuguesa a dez anos subiram 2 pontos para 3,089%, mantendo-se em máximo de julho de 2024, depois de a República ter angariado na semana passada quatro mil milhões de euros em dívida a dez anos.
Fora da Zona Euro, os juros das Gilts britânicas, também a dez anos, somaram 0,5 pontos base para 4,887%.
Petróleo em queda. Impacto das sanções impede maiores perdas
Os preços do petróleo estão a recuar face aos máximos de quase cinco meses atingidos na segunda-feira. No entanto, as perdas estão a ser limitadas pelo foco dos investidores no impacto das sanções dos Estados Unidos às exportações de crude russo para grandes consumidores como a Índia e a China.
A esta hora, o contrato de fevereiro do West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – recua 1,28% para os 77,81 dólares por barril. Já o contrato de março do Brent – de referência para o continente europeu – perde 0,93% para os 80,26 dólares.
"Com várias nações a procurarem fontes alternativas de combustível para se adaptarem às sanções, é possível que haja mais avanços dos preços do crude, mesmo que os preços baixem um pouco se os dados da inflação nos Estados Unidos de amanhã ficarem acima do esperado", explicou à Reuters Charalampos Pissouros, analista da XM.
Tarifas e preços no produtor a subir menos do que o esperado nos EUA pressionam dólar
Após ter chegado esta manhã a tocar máximos de dois anos face ao euro, o dólar está a desvalorizar face às principais divisas rivais, penalizado por dados dos preços no produtor nos Estados Unidos que ficaram abaixo do esperado.
Também os juros da dívida soberana norte-americana deram algum alívio à "nota verde", mas seguem novamente a agravar-se para 4,8% - o valor mais elevado em 14 meses.
O índice do dólar, que mede a força da divisa contra as suas principais rivais, perde 0,4% para 109,512 dólares, ao passo que o euro sobe 0,4% para 1,0286 dólares.
Ainda a pressionar a moeda está um possível aumento das tarifas dos EUA de forma gradual e mensal - plano que foi avançado segunda-feira à noite -, ao contrário da subida "agressiva" até agora esperada.
Ouro em alta à espera da inflação nos EUA
O ouro está a negociar ligeiramente em alta esta terça-feira, com os investidores cautelosos antes de serem conhecidos os números da inflação de dezembro nos Estados Unidos, mesmo depois de os preços no produtor terem acelerado menos do que o previsto.
Estes dois indicadores deverão dar mais pistas sobre o rumo futuro da política monetária nos Estados Unidos.
O metal amarelo avança 0,33% para 2.672,03 dólares por onça.
"Vamos precisar de ver um progresso contínuo na inflação para trazer de volta as expectativas de cortes das taxas de juro", afirmou à Reuters Phillip Streible, estratega-chefe da Blue Line Futures.
"As pessoas estão um pouco nervosas e querem ser cautelosas face aos dados da inflação amanhã", acrescentou.
Preços no produtor abaixo do esperado dão alento a Wall Street
Os principais índices em Wall Street estão a negociar em alta esta terça-feira, com os investidores a avaliarem o índice de preços no produtor em dezembro que ficou abaixo do esperado ao crescer 3,3% em termos homólogos, o que compara com 3,4% esperados pelos economistas.
O Dow Jones avança 0,09%, para os 41.976,67 pontos, enquanto o S&P 500 recua 0,77% para 5.782,18 pontos. O tecnológico Nasdaq Composite perde 1,57% para 18.862,38 pontos.
As atenções viram-se agora para os números da inflação, que serão divulgados na quarta-feira, com os investidores a tentarem prever os próximos movimentos da Reserva Federal norte-americana.
Os números dos preços no produtor "são favoráveis ao mercado acionista, porque ajuda a acalmar os receios de que estávamos à beira de uma aceleração da inflação", disse à CNBC Chris Brigati, responsável de investimentos da SWBC.
"Todos os olhos estão agora postos no relatório da inflação de quarta-feira", acrescentou. "Uma inflação forte aumenta a ideia de nenhum corte de juros em 2025, e potencialmente até mesmo um aumento das taxas diretoras, enquanto uma leitura mais branda pode ajudar a acalmar os receios do mercado relativamente à Fed", salientou.
Entre os principais movimentos de mercado estão as grandes tecnológicas, como a Nvidia que sobe 1,61%, que estão assim a recuperar das perdas de ontem em que foram penalizadas por novas regras mais apertadas para a exportação de "chips" utilizados em inteligência artificial (IA) por empresas norte-americanas.
Além dos números da inflação também a banca vai estar em destaque na quarta-feira, o dia em que o setor inicia a demonstração de resultados do quarto trimestre com o JPMorgan, Citigroup, Goldman Sachs e Wells Fargo.
Euribor desce a três meses e sobe nos dois prazos mais longos
A Euribor desceu hoje a três meses e subiu a seis e a 12 meses, mantendo-se acima de 2,5% nos três prazos.
Com as alterações de hoje, a taxa a três meses, que recuou para 2,761%, continuou acima da taxa a seis meses (2,685%) e da taxa a 12 meses (2,612%).
A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu hoje para 2,685%, mais 0,030 pontos do que na segunda-feira.
Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a novembro mostram que a Euribor a seis meses representava 37,47% do 'stock' de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.
Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,92% e 25,58%, respetivamente.
No prazo de 12 meses, a taxa Euribor avançou hoje para 2,612%, mais 0,036 pontos.
Em sentido oposto, a Euribor a três meses desceu hoje, fixando-se em 2,761%, menos 0,024 pontos do que na sessão anterior.
Em dezembro, a média da Euribor desceu de novo a três, a seis e a 12 meses, menos acentuadamente do que em novembro e com mais intensidade no prazo mais curto.
A média da Euribor em dezembro desceu 0,182 pontos para 2,825% a três meses (contra 3,007% em novembro), 0,156 pontos para 2,632% a seis meses (contra 2,788%) e 0,070 pontos para 2,436% a 12 meses (contra 2,506%).
Em 12 de dezembro, como esperado pelos mercados, o BCE cortou, pela quarta vez em 2024 e pela terceira reunião consecutiva, as taxas diretoras em 25 pontos base.
A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 30 de janeiro em Frankfurt.
As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.
Tarifas dos EUA menos agressivas pintam Europa de verde
As principais bolsas europeias estão a negociar no verde, beneficiando de um alívio nas "yields" das obrigações e impulsionadas por um dólar norte-americano mais fraco devido à notícia de que Donald Trump poderá implementar as prometidas tarifas alfandegárias de forma menos agressiva do que o esperado.
A equipa do Presidente eleito está a discutir uma estratégia de aumento de tarifas gradual e mensal, com subidas que podem ficar entre os 2% e os 5%. Este cenário iria evitar picos de inflação e dar mais espaço à Reserva Federal para cortar juros antes de junho, como o mercado previa.
Após duas sessões consecutivas de perdas, o índice de referência europeu, Stoxx 600, soma agora 0,49% para 511,18 pontos, impulsionado pelos setores automóvel e da banca, que sobem mais de 1%. Em terreno negativo seguem apenas as ações ligadas ao retalho, às "utilities" e ao petróleo e gás.
Entre os principais movimentos, a JD Sports cede perto de 10%, depois de a retalhista britânica ter revisto em baixa as previsões de lucro para 2025.
A arrastar o setor energético está a BP que cai perto de 3% após ter afirmado que a redução das margens de refinação iria afetar os lucros do quarto trimestre.
Entre os principais índices da Europa Ocidental, o alemão Dax sobe 0,62%, o britânico FTSE 100 sanha 0,17% e o espanhol IBEX 35 avança 0,48%. Em Amesterdão, o AEX regista um acréscimo de 0,51%, enquanto o francês CAC-40 soma 0,92% e o italiano FTSEMIB avança 0,8%.
Juros aliviam na Zona Euro
Os juros das dívidas soberanas da Zona Euro estão a aliviar esta terça-feira. O mercado de obrigações estará atento ao discurso do primeiro-ministro francês, Francois Bayrou, que procura apoio da esquerda para o orçamento de 2025, de forma a quebrar o impasse político vivido no país há vários meses.
As "yields" das "Bunds" alemãs, de referência para a região e com maturidade a dez anos, recuam 0,4 pontos base para 2,606% - um máximo de junho do ano passado. Já os juros da dívida francesa descem 2,3 pontos base para 3,433%.
Por cá, a "yield" da dívida portuguesa a dez anos alivia 2 pontos base para 3,048%. No país vizinho, os juros da dívida espanhola registam um decréscimo de 2,1 pontos até aos 3,282%, enquanto as "yields" das obrigações italianas cedem 3 pontos para 3,790%.
Fora do bloco europeu, os juros da dívida britânica recuam 2,1 pontos base para 4,861%, após terem tocado um novo máximo de 2008, nos 4,88%.
Dólar cede com cenário de tarifas graduais
O dólar norte-americano está a recuar face ao euro, pressionado por um possível aumento das tarifas dos EUA de forma gradual e mensal - plano que foi avançado segunda-feira à noite -, ao contrário da subida "agressiva" até agora esperada.
O aumento gradual pode pesar sobre a força do dólar, já que abrandaria a pressão sobre os preços e daria mais espaço ao banco central para reduzir os juros este ano. O "travão" acontece depois de cinco dias de ganhos consecutivos para a moeda dos EUA, que na sessão anterior tocou em máximos de dois anos - e, a esta hora, segue perto desse marco.
Já o índice da Bloomberg do dólar, que mede a força da divisa face às principais concorrentes, recua 0,37% para 109,5510 pontos.
Na China, o banco central tem anunciado medidas para suportar a moeda nacional, mas parecem não estar a surgir efeito. O yuan segue praticamente inalterado em 7,3469 dólares.
As atenções focam-se ainda na libra, que está pressionada pelas preocupações dos investidores em relação à sustentabilidade fiscal do Reino Unido. A esta hora, segue inalterada em 1,2209 dólares, perto de mínimos de novembro de 2023.
Incerteza sobre tarifas de Trump eleva ouro
Os preços do ouro estão a registar alguns avanços, impulsionados pelas mais recentes poíticas económicas de Donald Trump e as tarifas alfandegárias.
A administração do Presidente eleito está a planear em fazer um aumento gradual e mensal das taxas sobre produtos importados, que pode ir entre os 2% e os 5%. O objetivo, de acordo com a Bloomberg, passa por ganhar margem de negociação ao mesmo tempo que controla a inflação nos EUA.
A medida ainda está para ser confirmada por Trump e a incerteza em torno do tema está a levar os investidores aos ativos-refúgio. O metal amarelo soma 0,3% para 2.670,94 dólares por onça.
"O ouro assumiu o papel de proteção contra a inflação", disse Tim Waterer, analista da KCM Trade, à Reuters.
Petróleo alivia mas mantém-se perto de máximos de quatro meses
Os preços do petróleo estão a aliviar, depois de o Brent ter chegado a subir 5% nas duas últimas sessões, à boleia das recém anunciadas sanções à indústria petrolífera russa.
A esta hora, o contrato de fevereiro do West Texas Intermediate (WTI) - de referência para os EUA – recua 0,22% para os 78,65 dólares por barril. Já o contrato de março do Brent – de referência para o continente europeu – perde 0,33% para os 80,74 dólares.
Apesar desta descida, o petróleo mantém-se perto de máximos de quatro meses, com o mercado expectante em relação ao pacote de sanções, que visa, em particular, duas empresas que gerem mais de um quarto das exportações de crude da Rússia por via marítima: a Gazprom Neft e a Surgutneftegas, que exportaram cerca de 970 mil barris por dia nos primeiros dez meses de 2024, cerca de 30% das vendas russas.
A administração de Biden sancionou ainda seguradoras e 180 embarcações de comerciais vitais ao negócio.
Estas são as sanções mais agressivas que Washington já aplicou a Moscovo desde que estalou a guerra na Ucrânia há mais de dois anos.
A condicionar os preços poderá estar também a divulgação dos dados da inflação norte-americana, na quarta-feira.
"As notícias em torno das sanções contra o petróleo russo têm sido o motor dominante dos preços do crude na semana passada e, combinadas com os dados económicos resilientes dos EUA, a dinâmica mais apertada entre a oferta e a procura tem tido algum impulso", disse à Reuters o estratega de mercado do IG, Yeap Jun Rong.
Europa aponta para ganhos com aumento gradual das tarifas. Sentimento misto na Ásia
A negociação de futuros das bolsas europeias apontam para uma abertura no verde. A administração de Donald Trump parece estar a avançar nas discussões sobre as subidas nas tarifas, que planeia aplicar de forma gradual.
"As notícias sobre a imposição gradual de tarifas a nível mundial criaram um sentimento mais positivo em relação ao impacto das tarifas na China", afirmou Billy Leung, estratega da Global X ETFs, à Bloomberg.
Face a uma subida menos agressiva do que o que o mercado previa, o sentimento é otimista, ainda que as ameaças do Presidente eleito de impor taxas de até 60% sobre os produtos chineses continuem a pairar sobre os mercados da Ásia.
No Japão, a taxa de rendibilidade dos juros da dívida a 40 anos subiu para o valor mais elevado desde 2007, com os investidores a esperarem que o Banco do Japão venha a aumentar as taxas diretoras já na próxima semana, pressionando as ações do país.
Na China, em Hong Kong, o Hang Seng ganha 1,87%, enquanto o Shanghai Composite avança 2,5%. Em contraciclo, no Japão, o Topix cai 1,16% e o Nikkei desvaloriza 1,83%. Na Coreia do Sul, o Kospi sobe 0,3%.