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29 de Abril de 2016 às 16:34

O meu país precisa de acreditar!

Os investidores portugueses são tão maus quanto os investidores internacionais e são também tão bons como eles!

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Fui confrontado nas últimas semanas com um tema que todos os portugueses consideram ser de grande importância para o desenvolvimento económico de Portugal: a perspectiva de perdermos todas as instituições financeiras para decisores estrangeiros e particularmente a sua concentração em investidores de um só país que, por razões óbvias, será aquele que mais relações mantém com Portugal.

 

De todas as opiniões que fui registando, não ouvi uma que me deixasse concluir que haveria uma solução melhor para esta preocupação do que a de existir um banco de capitais portugueses que continuasse a privilegiar o mercado nacional como o seu mercado natural e que apoiasse em primeiro lugar os investimentos portugueses, permitindo às empresas do nosso país não serem preteridas no recurso ao crédito, face aos seus concorrentes internacionais.

 

Ninguém, até hoje, me disse que haveria uma alternativa melhor!

 

Contudo, quando comecei a tentar motivar uma solução neste sentido, quase todos me disseram que, ainda que a solução fosse de facto a melhor para Portugal, neste momento não será possível desenvolvê-la. Uns com a fácil desculpa de que não haverá no país capital para tal projecto, outros porque o passado recente das histórias bancárias nacionais foram de tal modo negativas que não acreditam ser possível avançar com um banco de capital português.

 

É verdade que o passado recente foi muito traumático para a economia portuguesa e especialmente para a sua vertente financeira, mas é exactamente este o momento em que é fundamental ter a coragem de relançar Portugal, de tudo fazer para ajudar as empresas portuguesas e de não abandonar quem precisa de toda a nossa ajuda para continuar a ajudar o nosso país.

 

Só os fracos é que desistem!

 

Se é verdade que errámos e que deixámos que nos enganassem, a culpa é só nossa!

 

Se nada fizermos no sentido de recuperar a nossa capacidade de investir no sector financeiro, aquilo que vamos assistir será a uma nova onda de erros e de prejuízos que, em vez de serem feitos por bancos portugueses, serão feitos por bancos estrangeiros. Mas não se enganem, vamos pagá-los na mesma.

 

O problema não é da nacionalidade dos investidores mas da eficácia da regulação.

 

Os investidores portugueses são tão maus quanto os investidores internacionais e são também tão bons como eles!

 

A solução pequena de nos refugiarmos na existência de um banco do Estado para defender os interesses das empresas portuguesas é uma mentira em que só acredita quem não tem hoje a coragem de dizer a verdade, como não o fez enquanto se estavam a passar as situações a que fomos sujeitos, de destruição de riqueza no nosso país.

 

Há quarenta anos que os empresários vêm defender a banca privada e hoje, porque temos medo, pouca confiança ou mesmo pequenez de espírito, aceitamos mudar essa crença, mas apenas em relação aos investidores portugueses, porque internacionalmente nunca nos ocorreria tal!

 

Ao contrário de muitos, eu continuo a acreditar que aquilo que devemos fazer é o que for melhor para o nosso país! Acredito que há capital em Portugal! Acredito que há muito bons empresários disponíveis para fazer bem o seu trabalho e acredito que há muitos homens sérios com a capacidade de desempenhar verdadeiramente o papel de regulador, defendendo os portugueses e Portugal.

 

Eu acredito, e o meu país precisa de acreditar!

 

Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa

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