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Ministra da Justiça promete apoio aos funcionários, mas não distribui dinheiro “em proporção do ruído”

Rita Alarcão Júdice afirmou hoje que os funcionários judiciais contam com ela como aliada, mas que não está disponível para “distribuir dinheiro” na “proporção do ruído”. Na abertura solene do Ano Judicial, propôs-se resolver os problemas da justiça “um a um”, “mesmo que não sejam imediatamente percetíveis para o cidadão”.

abertura ano judicial 2025
António Pedro Santos/Lusa
13 de Janeiro de 2025 às 17:33
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"Os funcionários judiciais sabem que têm na Ministra da Justiça uma aliada. Mas uma aliada não é alguém que distribui dinheiro público na proporção do ruído ou do número de notícias. É alguém que conhece o valor do seu trabalho, que move montanhas para que os Tribunais tenham computadores, sistemas informáticos, ar condicionado, segurança, elevadores, rampas de acesso, salas onde não chova", declarou esta segunda-feira a ministra da Justiça. 

Rita Alarcão Júdice discursava na cerimónia de abertura solene do ano judicial, que decorreu no salão nobre do Supremo Tribunal de Justiça. Lá fora, enquanto a ministra falava, decorria uma manifestação silenciosa que reuniu algumas centenas de funcionários judiciais em protesto e a pressionar para verem as suas reividicações acolhidas, nomeadamente em matéria de revisão de estatuto. 

"É uma forma democrática e legítima de protesto", declarou a ministra, acrescentando que "os Oficiais de Justiça já tiveram provas da determinação e da boa-fé do Governo em resolver os problemas da classe nos últimos meses: no aumento do Suplemento de Recuperação, decidido e pago logo em 2024, na revisão do Estatuto Profissional, em curso, e no recrutamento de quase 600 novos profissionais em apenas seis meses". 

"Eu sei o que fazer para que a Reforma da Justiça não tenha resultados: é fazer anúncios de grandiosos "planos estratégicos"", disse Rita Alarcão Júdice, acrescentando que também sabe "o que fazer para que Justiça seja reformada: resolver os problemas um a um, mesmo que não sejam imediatamente percetíveis para o cidadão". 

A ministra falou de violência doméstica, lembrando  Alcinda Cruz, a mulher que na semana passada foi assassinada pelo companheiro, mas também "as vítimas de todos os crimes contra as pessoas ou contra o património", explicando que este mês fica concluída a proposta de perda alargada de bens, no âmbito da agenda anticorrupção do Governo e que estão em estudo medidas para uma maior celeridade processual e combate a expedientes dilatórios, como a revisão da fase de instrução, reforço dos poderes dos juízes na gestão processual e alterações em matéria de recursos.

Rita Alarcão Júdice fez ainda um primeiro balanço da tramitação eletrónica do processo penal, que entrou em vigor há um mês e desmaterializou procedimentos, tendo sido feitas 22 mil notificações eletrónicas e poupados 238 dias de trabalho a oficiais de justiça.

Apontou ainda as medidas tomadas para reforçar o ingresso na magistratura de mais candidatos, como a criação de um novo polo de formação do Centro de Estudos Judiciários em Vila do Conde, alterações para permitir o acesso mais cedo ao STJ por parte dos juízes e assim rejuvenescer os seus quadros, um projeto para regular as assessorias nos tribunais, a revisão da tabela de honorários dos advogados oficiosos, em fase de conclusão e modernização tecnológica no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).

"A política de justiça é definida pelo Governo. A gestão, a administração, os investimentos, a afetação de recursos, as prioridades legislativas e orçamentais cabem a quem foi eleito para governar, sujeitando-se ao debate, à discórdia, à negociação e ao escrutínio final dos eleitores. O Ministério da Justiça exerce as suas competências, toma as decisões que lhe parecem mais adequadas e sujeita-se ao escrutínio técnico e político. É uma das regras do jogo democrático: decisores políticos gerem os recursos públicos e são avaliados, politicamente, pelo mérito das suas decisões. Aos tribunais o que é da aplicação da Justiça, ao Governo o que é da Política de Justiça", rematou.

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