Não há decisões tomadas quanto aos estímulos económicos mas o mercado reagiu de imediato às palavras do presidente do Banco Central Europeu (BCE). Mario Draghi, revelou esta quinta-feira, 22 de Outubro, que a decisão de avançar com mais estímulos à economia não está tomada, mas os alarmes de perigo dispararam junto dos governadores do euro: a inflação está muito baixa e pode afectar a credibilidade da missão do BCE.

"Não estamos numa situação de esperar para ver, mas de trabalhar e avaliar". Foi assim que Mario Draghi resumiu o momento dentro da autoridade monetária, após a reunião de governadores que decorrer em Malta, da qual a principal decisão foi a de mandatar as equipas técnicas do BCE para estudarem todas as medidas de estímulo monetário possíveis. Medidas que incluem baixar as taxas de juro de depósito cobradas aos bancos, mas também a alteração na dimensão, composição, e ritmo de aquisições do actual programa de compara de activos, através do qual o BCE está a comprar cerca de 60 mil milhões de euros de activos por mês.

"A intensidade e persistência dos factores que estão a atrasar o regresso da inflação a níveis abaixo, mas próximos de 2% no médio prazo requerem uma análise profunda", afirmou o presidente do BCE, acrescentando que "neste contexto, o nível de acomodação da política monetária terá de ser reavaliado na reunião de política monetária de Dezembro".

Os juros da dívida pública portuguesa no mercado secundário estão a recuar em todos os prazos – uma tendência que se verifica depois de Mario Draghi ter indicado que todos os cenários estão a ser estudados em termos de política monetária. Ainda esta manhã, a taxa de juro a dez anos esteve a negociar em torno dos 2,5%, reflectindo o clima de incerteza política que se vive em Portugal.

Por esta altura, a taxa exigida pelos investidores para trocarem dívida portuguesa entre si a dez anos, considerada o prazo de referência, recua 10,7 pontos base para os 2,342%. A cinco anos, as "yields" descem 9 pontos base para 1,074%. A dois anos, os juros cedem 5,7 pontos base para 0,244%.

Entre os restantes países europeus verifica-se também uma descida das taxas de juro. As "yields" espanholas a dez anos caem 13,6 pontos base para 1,610%, as italianas recuam 13,8 pontos base para 1,468%. No caso da dívida alemã a dez anos, verifica-se uma descida de 7,3 pontos base para 0,495%.

O prémio de risco da dívida nacional face à dívida germânica está também a cair para os 182,8 pontos, depois desta manhã ter chegado a negociar acima dos 190 pontos.