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BCE põe equipas a preparar novos estímulos à economia

A decisão de avançar com mais estímulos não está tomada, mas os alarmes de perigo dispararam junto dos governadores do euro: a inflação está muito baixa e pode afectar a credibilidade da missão do BCE, afirma Draghi.

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22 de Outubro de 2015 às 14:09
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"Não estamos numa situação de esperar para ver, mas de trabalhar e avaliar". Foi assim que Mario Draghi resumiu o momento dentro do Banco Central Europeu (BCE), após a reunião de governadores que decorreu em Malta, da qual a principal decisão foi a de mandatar as equipas técnicas do BCE para estudarem todas as medidas de estímulo monetário possíveis, incluindo baixar as taxas de juro de depósito cobradas aos bancos, mas também a alteração na dimensão, composição, e ritmo de aquisições do actual programa de compra de activos, através do qual o BCE está a comprar cerca de 60 mil milhões de euros de activos por mês.

"A intensidade e persistência dos factores que estão a atrasar o regresso da inflação a níveis abaixo, mas próximos de 2% no médio prazo requerem uma análise profunda", afirmou o presidente do BCE na conferência de imprensa que se seguiu à reunião que decorreu em Malta, acrescentando que "neste contexto, o nível de acomodação da política monetária terá de ser reavaliado na reunião de política monetária de Dezembro".

Perante os riscos que estão a identificar ao objectivo de elevar a inflação para valores próximos dos 2%, os governadores decidiram manter todas as portas abertas até Dezembro: "O Conselho está disponível e preparado para actuar usando todos os instrumentos disponíveis dentro do seu mandato, de forma a manter um nível adequado de acomodação monetária", continuou o Presidente do BCE, destacando que "o programa de compra de activos oferece flexibilidade suficiente para ser ajustado em termos de tamanho, composição e duração".

Mas estas não foram as únicas hipóteses colocadas em cima da mesa. Foi também considerada, por exemplo, uma nova redução da taxa de juro de depósitos, que está já em terreno negativo: -0,2% desde Setembro do ano passado. O valor negativo actua como um incentivo aos bancos a não acumularem reservas.

"Todas as hipóteses serão consideradas (…) [para isso] mandatámos os comités relevantes para trabalharem todos os instrumentos de política", afirmou, garantindo não existir qualquer preferência neste momento e sublinhando que "estão prontos a actuar se for necessário". O banco central comprometeu-se a continuar a implementar na totalidade a compra de 60 mil milhões de euros de activos por mês, principalmente dívida pública, até Setembro do próximo ano.

As declarações de Draghi que tornam mais provável um reforço dos estímulos monetários ainda este ano não passaram despercebidas nos mercados: o euro depreciou para o mínimo de três semanas, as taxas de juro da dívida pública de vários países caíram, incluindo a portuguesa.

Expectativas de inflação preocupam
O principal objectivo do programa de "Quantitative Easing" que arrancou em Março foi o de elevar a taxa de inflação e as expectativas de inflação na região. E é isso que está em risco: a inflação global na Zona Euro caiu para -0,1% em Setembro, puxada pelo preço do petróleo. E a inflação subjacente – a que exclui energia e alimentos – está estável em 0,9%, longe da meta do BCE.

Pior, avisou Draghi, é que os governadores identificam uma relação muito forte entre a evolução da inflação global e as expectativas de inflação de médio prazo, que apontam para uma recuperação cada vez mais lenta do aumento de preços na Zona Euro para os 2%.

"Como riscos negativos à inflação vemos o elevado output gap [crescimento abaixo do potencial], quedas adicionais nos preços do petróleo e a apreciação da taxa de cambial real efectiva que foi de cerca de 8% nos últimos três a quatro meses. Continuamos também a observar uma correlação muito elevada entre a inflação global e as expectativas de médio prazo de inflação, o que é o mesmo que dizer que existe uma correlação elevada entre os preços do petróleo e as expectativas de inflação", explicou Draghi, não excluindo a possibilidade de uma desancoragem das expectativas de inflação no médio prazo. E isso é algo que o banco central não pode permitir: "A credibilidade de um banco central mede-se pela sua capacidade de cumprir o seu mandato, afirmou, ou seja, pela capacidade de elevar a taxa de inflação para valores abaixo, mas próximos de 2%.

Na reunião de quinta-feira, dia 22 de Outubro, todas as taxas de juro de referência do banco central foram mantidas: 0.05% na taxa central para as operações regulares e 0,3% na taxa cobrada por pedidos de financiamento fora das operações regulares. O BCE vola a reunir para tomar decisões de política monetária no dia 3 de Dezembro.


(Notícia em actualizada às 15h15)

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