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OPEP quer que corte adicional de 1,5 milhões de barris por dia vigore até final do ano

O cartel de 14 grandes produtores e exportadores de petróleo negoceia na sexta-feira com os seus aliados uma retirada adicional de crude do mercado.

Reuters
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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que propos hoje  em Viena a redução adicional de 1,5 milhões de barris na produção diária desta matéria-prima a partir do segundo trimestre, pretende que o novo teto de produção vigore até ao final do ano.

 

Amanhã, os 14 membros do cartel reúnem-se com os seus 10 aliados – o chamado grupo OPEP+ – que desde 2017 têm concertado cortes de produção na tentativa de sustentar os preços do crude, mas o volume proposto hoje deverá enfrentar uma forte resistência por parte da Rússia.

 

Em fevereiro, com a propagação do novo coronavírus, o Covid-19, o Comité Técnico Conjunto (JTC) da OPEP+ reuniu-se de emergência em fevereiro e desse encontro saiu a recomendação de que deveria haver um corte adicional, algures entre 600.000 e um milhão de barris por dia, sendo que a Rússia se mostrava mais resistente a um corte amplo e a Arábia Saudita defendia uma maior retirada de ouro negro do mercado – ontem chegou mesmo a avançar com a possibilidade de um corte superior a um milhão, indo ao encontro de algumas expectativas do mercado que apontavam para 1,2 milhões de barris.

 

Amanhã, a reunião é, pois, crucial, dado que o ministro iraniano do Petróleo já veio hoje dizer que se Moscovo não aceitar a proposta de redução adicional de 1,5 milhões de barris, "não há acordo" e o corte não se efetivará.

 

A expectativa em torno da reunião de hoje era grande, já que se esperava uma redução adicional da oferta de crude no mercado, uma medida considerada crucial para levantar os preços da matéria-prima numa altura em que a oferta é excedentária e em que a procura diminui ainda mais por força do impacto económico da epidemia do coronavírus.

Mas o volume do corte proposto foi maior do que o consenso do mercado projetava, o que animou as cotações do ouro negro – que na semana passada chegaram a cair para mínimos de mais de 11 anos. Contudo, foi uma alegria muito momentânea e rapidamente regressaram ao vermelho, a cair mais de 2% - desde o início de 2020 já perdem mais de 22%. E isto porque a medida poderá não ser suficiente.

"Este corte da OPEP "chega tarde e é muito reduzido", disse à Bloomberg Jeffrey Currie, do Goldman Sachs. "Cortar a produção em 1,5 milhões de barris em abril ou maio não vai resolver o problema atual", acrescentou o analista, reforçando que "o problema na procura está a acontecer hoje e agora".

 

No final do ano passado, recorde-se, o corte de produção definido por estes 24 países estava fixado em 1,2 milhões de barris por dia, mas a 6 de dezembro foi anunciado um reforço desta redução, em 500 mil barris diários, para vigorar nos primeiros três meses de 2020 – fazendo com que o corte total da oferta de crude no mercado ascendesse a 1,7 milhões de barris por dia.

 

Além isso, a Arábia Saudita anunciou que diminuiria voluntariamente em mais 400.000 barris diários o plafond de produção que lhe foi destinado, pelo que, sem prevaricadores, a retirada de crude do mercado terá sido de 2,1 milhões de barris diários.

 

Se aos 1,7 milhões oficiais for agora acordada uma diminuição adicional de 1,5 milhões de barris por dia, o corte total ascenderá a 3,2 milhões (3,6 milhões se Riad mantiver o corte "extra" de 400.000 barris). 

A produção total da OPEP+ é de 43,062 milhões de barris por dia, cerca de 40% da produção mundial. Sem os 1,7 milhões acordados até agora, e se todos os países cumprirem as suas quotas, a produção está nos 41,38 milhões de barris diários (dos quais 25,1 milhões só por conta da OPEP).

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