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Petróleo afunda quase 6% com Rússia a rejeitar novos cortes na produção
O cartel dos principais exportadores procurava o apoio da aliada Rússia, mas Moscovo estará contra cortes adicionais na produção.
As cotações de petróleo estão a cair a pique enquanto o cartel dos grandes exportadores de petróleo está a enfrentar a oposição da aliada Rússia em relação à implementação de cortes adicionais na produção. Sem o aval do gigante de leste, nenhum país deverá reduzir os respetivos níveis.
O barril de Brent está a desvalorizar 4,42% para os 47,78 dólares e já chegou mesmo a cair 5,94% para os 47,02 dólares, marcando um mínimo de julho de 2017. As perdas desta sexta-feira, 6 de março, ditam a segunda semana de quedas consecutivas: a matéria-prima já desvalorizou 5,32% no acumulado dos últimos cinco dias, uma quebra ainda assim inferior à descida de 13,64% registada na semana anterior, a pior desde a crise financeira de 2008. Desde o início do ano, o "ouro negro" já cai quase 28%.
A alimentar o nervosismo dos investidores estão as notícias, avançadas pela Reuters, de que a Rússia concede um prolongamento dos cortes atualmente em vigor mas que se opõe a que os maiores exportadores alinhem em reduções adicionais.
Numa tentativa de contrariar a evolução negativa no mercado de petróleo, que tem sido afetado pelos receios de que o coronavírus desacelere a economia mundial e, consequentemente, reduza a procura por esta matéria-prima, a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) avançou esta quinta-feira a intenção de operar um corte adicional na produção de 1,5 milhões de barris diários e propõe que este corte se mantenha até ao final do ano.
O objetivo da reunião desta sexta-feira entre OPEP e aliados – grupo conhecido por OPEP+ - é que o núcleo duro dos exportadores produza menos um milhão de barris por dia e que os restantes 500.000 sejam distribuídos pelo grupo de aliados, que é liderado pela Rússia.
Corte de 1,5 milhões "não vai resolver o problema atual"
"Este corte da OPEP "chega tarde e é muito reduzido", disse à Bloomberg Jeffrey Currie, do Goldman Sachs. "Cortar a produção em 1,5 milhões de barris em abril ou maio não vai resolver o problema atual", acrescentou o analista, reforçando que "o problema na procura está a acontecer hoje e agora".
No final do ano passado, recorde-se, o corte de produção definido por estes 24 países estava fixado em 1,2 milhões de barris por dia, mas a 6 de dezembro foi anunciado um reforço desta redução, em 500 mil barris diários, para vigorar nos primeiros três meses de 2020 – fazendo com que o corte total da oferta de crude no mercado ascendesse a 1,7 milhões de barris por dia.
Além isso, a Arábia Saudita anunciou que diminuiria voluntariamente em mais 400.000 barris diários o plafond de produção que lhe foi destinado, pelo que, sem prevaricadores, a retirada de crude do mercado terá sido de 2,1 milhões de barris diários.
Se aos 1,7 milhões oficiais for agora acordada uma diminuição adicional de 1,5 milhões de barris por dia, o corte total ascenderá a 3,2 milhões (3,6 milhões se Riad mantiver o corte "extra" de 400.000 barris).
A produção total da OPEP+ é de 43,062 milhões de barris por dia, cerca de 40% da produção mundial. Sem os 1,7 milhões acordados até agora, e se todos os países cumprirem as suas quotas, a produção está nos 41,38 milhões de barris diários (dos quais 25,1 milhões só por conta da OPEP).