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Mais um dia negro na bolsa de Lisboa. PSI-20 perde 2,5 mil milhões
A bolsa nacional esteve a acompanhar mais uma sexta-feira negra nas bolsas mundiais, num contexto de aversão extrema dos investidores a ativos de risco devido à incerteza em torno do impacto económico da propagação do coronavírus.
O PSI-20 desvalorizou 3,85% para 4.671,5 pontos, com todas as cotadas em terreno negativo. A descida diária do índice foi a mais forte deste período de duas semanas de quedas avultadas nos mercados. Desta forma, a descida de hoje foi a mais acentuada desde 24 de junho de 2016, quando as bolsas reagiram ao resultado do referendo do Brexit.
O índice português atingiu esta sexta-feira um novo mínimo desde janeiro de 2019 e no acumulado de 2020 já regista uma queda de dois dígitos: -10,41%.
Só na sessão de hoje as 18 cotadas que integram o PSI-20 viram a sua capitalização bolsista baixar 2.572 milhões de euros. O valor de mercado das empresas do índice está agora ligeiramente abaixo dos 60 mil milhões de euros, o que traduz uma queda de 1.846 milhões de euros no espaço destas duas semanas conturbadas nos mercados acionistas.
Depois do recuo de 11,5% na semana passada, o PSI-20 cedeu 1,98% esta semana. A descida das duas últimas sessões apagou a recuperação robusta das primeiras três sessões desta semana.
Nas praças europeias o desempenho foi semelhante, com os índices a marcarem quedas superiores a 3% e a atingirem mínimos do ano.
Num clima de forte incerteza com o coronavírus, os investidores estão a sair em força dos mercados acionistas, apostando em ativos de refúgio, com destaque para as obrigações soberanas. As yields da dívida pública dos Estados Unidos e da Alemanha afundaram para novos mínimos históricos, com a taxa das bunds a 10 anos a resvalar para terreno ainda mais negativo (-0,72%).
O facto de hoje ser sexta-feira amplificou este movimento, com os investidores a não quererem ir para fim de semana com exposições ao mercado acionista. Em Wall Street esta está a ser a sétima sexta-feira de quedas, o que representa o ciclo negativo mais prolongado dos últimos 14 anos.
Em todo o mundo, já há mais de 100 mil pessoas infetadas com o Covid-19 e vários países estão a anunciar planos de emergência de milhares de milhões de euros, incluindo Itália e os Estados Unidos. As empresas também começam a revelar os efeitos devastadores deste surto, contribuindo para o pessimismo dos investidores.
CHUVA DE MÍNIMOS NO PSI-20 COM BCP E GALP A LIDERAR QUEDAS
O dia no PSI-20 foi de quedas generalizadas, com todas as cotadas em terreno negativo. A Corticeira Amorim, que vai apresentar resultados na segunda-feira antes da abertura da sessão, conseguiu o melhor desempenho com uma depreciação de 0,8% para 9,94 euros.
Todas as restantes cotadas fecharam a cair mais de 1%, sendo que 14 desvalorizaram mais 2%.
No índice PSI-20 foram estas as nove as cotadas que atingiram mínimos de pelo menos 52 semanas.
BCP afunda para níveis de 2017 - A derrocada das ações está a ser transversal, afetando todos os setores, com a banca a ser um dos mais castigados devido às perspetivas de novas reduções das taxas de juro a nível global. O índice europeu para a banca, o Stoxx600 Banks Index, afundou 3% e atingiu o nível mais baixo desde o rescaldo do colapso do Lehman Brothers, em 2009. Desde o máximo do ano, a 12 de fevereiro, a banca europeia já desvalorizou 24%.
Na bolsa de Lisboa o Banco Comercial Português é o reflexo deste momento bastante negativo para a banca. As ações do banco liderado por Miguel Maya voltaram a ser das mais castigadas, com uma queda de 5,09% para 0,1416 euros. As ações do BCP atingiram o valor mais baixo desde fevereiro de 2017, altura em que o banco estava a realizar um aumento de capital. Em 2020 estão a cair 30% (terceiro pior desempenho do PSI-20).
Galp Energia afunda mais de 7% - As ações da Galp Energia registam a maior queda do PSI-20, com a petrolífera portuguesa a seguir do desempenho das principais congéneres num dia em que o petróleo afunda mais de 8% devido à falta de acordo na OPEP+ para cortar a produção em mais 1,5 milhões de barris. Os títulos da Galp Energia desceram 7,27% para 11,48 euros e renovaram mínimos de novembro de 2016 num dia em que o Stoxx Oil & Gas afunda 5,45%.
Na semana passada a petrolífera perdeu para a EDP Renováveis o lugar de segunda cotada mais valiosa da praça portuguesa e acumula uma descida de 20,3% em 2020.
Semapa recua para mínimo de 2016 - As ações da Semapa desceram 3,68% e atingiram um mínimo desde novembro de 2016 nos 10,92 euros. Em 2020 estão a cair cerca de 20%.
Sonae perde 25% em 2020 - As ações da Sonae fecharam a cair 4,91% para 0,6871 euros, o que corresponde ao nível mais baixo desde novembro de 2016. A retalhista já perdeu 25% este ano.
Altri em mínimo de 2018 - As ações da Altri afundaram 5,96% para 4,574 euros e tocaram em mínimos de março de 2018. Em 2020 desvalorizam perto de 20%.
Pharol em mínimos históricos - As ações da Pharol caíram 4,88% para 0,078 euros, o que corresponde ao valor mais baixo de sempre em bolsa: 0,08 euros. Em 2020 estão a perder mais de 20%.
Navigator em mínimo de mais de 3 anos - As ações da Navigator mergulharam 3,55% para 2,664 euros, tendo tocado em novos mínimos de novembro de 2016. Desde o início do ano a papeleira recua 26%.
Mota-Engil é a que mais cai em 2020 - As ações da Mota-Engil afundaram 3,33% para 1,189 euros, tendo tocado em mínimos de janeiro de 2016. Em 2020 os títulos caem 36%, o que representa o pior desempenho entre as cotadas do PSI-20.
Nos em mínimos de 2013 - A Nos é das cotadas que está a negociar em mínimos de há mais tempo. As ações caíram 3,05% para 3,366 euros, o que representa o nível mais baixo desde junho de 2013. Em 2020 as ações desvalorizam perto de 30%.