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Abertura dos mercados: Mercado em "modo de crise". Banca em mínimos desde o Lehman e juros globais em queda livre
As bolsas europeias estão a descer mais de 2% e os juros da dívida a marcar mínimos em todo o mundo, com os investidores a tremerem com o impacto do coronavírus. O Brent segue abaixo dos 49 dólares e a banca em mínimos desde o rescaldo do colapso do Lehman Brothers.
Os mercados em números
PSI-20 desce 3,08% para 4.708,95 pontos
Stoxx 600 perde 2,06% para 372,90 pontos
Nikkei desvalorizou 2,72% para 20.749,75 pontos
Juros da dívida portuguesa a dez anos sobem 3,9 pontos para 0,327%
Euro sobe 0,28% para 1,1269 dólares
Petróleo em Londres cai 2% para 48,99 dólares por barril
Bolsas europeias afundam mais de 2%
As bolsas europeias estão a negociar em forte queda esta sexta-feira, 6 de março, com os investidores a refletirem mais uma vez os receios com a propagação rápida do coronavírus, sobretudo fora da China. Em todo o mundo, já há quase 100 mil pessoas infetadas com o Covid-19 e vários países estão a anunciar planos de emergência de milhares de milhões de euros, incluindo Itália e os Estados Unidos. As empresas também começam a revelar os efeitos devastadores deste surto, contribuindo para o pessimismo dos investidores.
Neste contexto, o mercado está numa espécie de "modo de crise", com as ações a afundarem e os juros das obrigações a atingirem mínimos de sempre, com destaque para a yield das obrigações do Tesouro a 30 anos, que estão pela primeira vez abaixo dos 1,4%. Segundo dados da Bloomberg, as obrigações globais com juros negativos aumentaram para 14,4 biliões de dólares – mais de 3 biliões de dólares acima do nível de meados de janeiro, quando começaram as notícias sobre o novo vírus da China.
"O foco está muito na propagação do coronavírus fora da China", refere Susan Buckley, diretora da QIC Ltd, acrescentando que "isto vai durar mais tempo do que estávamos à espera".
Nesta altura, o setor da aviação e da banca são dos que mais pesam no desempenho das bolsas europeias. O índice europeu para a banca – o Stoxx600 Banks Index está mesmo a descer quase 2,5% para o nível mais baixo desde o rescaldo do colapso do Lehman Brothers, em 2009.
Por cá, o PSI-20 desliza 3,08% para 4.708,95 pontos, com o BCP a afundar 4,16% para 14,30 cêntimos e a Galp Energia a cair 3,39% para 11,96 euros.
Juros atingem novos mínimos a nível global
As obrigações soberanas estão mais uma vez a demonstrar a sua atratividade como último refúgio em tempos de crise, com os juros a atingirem novos mínimos a nível global.
A yield das obrigações dos Estados Unidos a 30 anos estão pela primeira vez abaixo dos 1,4%, a dívida chinesa, no mesmo prazo, atingiu níveis que não eram registados desde 2002, e na Austrália, a yield a dez anos atingiu um novo mínimo histórico.
O mesmo acontece na Alemanha, onde os juros da dívida de referência estão a descer 4 pontos base para -0,729%.
Na periferia do euro, a tendência é a inversa: os juros portugueses sobem 3,9 pontos para 0,327%, os espanhóis avançam 3,4 pontos para 0,240% e os italianos somam 8,3 pontos para1,146%.
Dólar cai pelo segundo dia
O dólar norte-americano está a desvalorizar pela segunda sessão consecutiva, numa altura em que os juros das obrigações atingem novos mínimos. Esta evolução acontece depois de, na terça-feira, a Reserva Federal dos Estados Unidos ter cortado os juros em 50 pontos base, uma medida de emergência que a Fed não tomava desde a crise financeira. Agora, o mercado antecipa que o banco central irá realizar novo corte na próxima reunião de política monetária.
Brent abaixo dos 49 dólares
O petróleo está em forte queda nos mercados internacionais, no dia em que a OPEP+ irá decidir-se avança com um corte adicional de 1,5 milhões de barris na oferta. A medida está dependente do apoio da Rússia, que não se tem mostrado favorável a uma descida tão acentuada da produção.
Nesta altura, o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, desliza 1,76% para 45,09 dólares, enquanto o Brent, negociado em Londres, recua 2% para 48,99 dólares.
Ouro próximo de máximos de 2013
Numa altura de forte turbulência no mercado, o ouro continua a ser valorizado, beneficiando da sua qualidade de ativo de refúgio para os investidores. O metal amarelo está a somar 0,24% para 1.676,16 dólares, próximo do valor mais alto desde janeiro de 2013.