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OPEP propõe corte de 1,5 milhões de barris mas a Rússia ainda não aprovou

Apesar da OPEP ter proposto um corte mais elevado do que o esperado, as cotações da matéria-prima estão a perder valor.

O ministro do Petróleo iraniano avisou que se a Rússia não aprovar a proposta não há acordo Reuters
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Os ministros da Energia dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) chegaram esta quinta-feira a acordo para uma redução adicional de 1,5 milhões de barris na produção diária de petróleo por parte do cartel e dos seus aliados, mesmo sem a aprovação dos países que não integram a OPEP, como é o caso da Rússia.

 

"Apoiamos um corte de 1,5 milhões", disse o ministro do Petróleo iraniano aos jornalistas depois de sair da reunião que começou hoje em Viena. Contudo, se Moscovo não aceitar esta proposta, "não há acordo", avisou Biyan Namdar Zanganeh.

 

Das negociações de hoje na capital austríaca saiu um acordo para os membros da OPEP reduzirem e produção em 1 milhão de barris a partir do segundo trimestre. O corte adicional de 500 mil barris terá que ser feito pelos aliados da OPEP (grupo conhecido por OPEP+).

 

A Arábia Saudita, principal produtor da OPEP, tem pressionado os membros do cartel e os países aliados para implementarem cortes mais fortes na produção, por forma a contrariar os efeitos do coronavírus na procura de petróleo e nas cotações da matéria-prima.

 

Mas Moscovo tem mostrado relutância em cortes mais fortes, pelo que a proposta avançada pela OPEP poderá falhar. Amanhã, também em Viena, haverá reunião da OPEP com os países aliados.

 

O ceticismo sobre a proposta da OPEP reflete-se nas cotações do petróleo esta quinta-feira, que negociavam em alta no início da sessão e estão agora em terreno negativo. O Brent, em Londres, desvaloriza 0,57% para 50,84 dólares. O WTI, em Nova Iorque, cede 0,32% para 46,63 dólares.

 

Este corte da OPEP "chega tarde e é muito reduzido", disse à Bloomberg Jeffrey Currie, do Goldman Sachs. "Cortar a produção em 1,5 milhões de barris em abril ou maio não vai resolver o problema atual", acrescentou o analista, reforçando que "o problema na procura está a acontecer hoje e agora".

 

As cotações do petróleo acumulam uma queda na ordem dos 23% em 2020, devido sobretudo à redução da procura nos países mais afetados pela propagação do coronavírus, como destaque para a China.

 

Procura em queda

 

O Comité Técnico Conjunto da OPEP+ reuniu-se de emergência em fevereiro, saindo a recomendação de que deveria haver um corte adicional, algures entre 600.000 e um milhão de barris por dia. Esta quarta-feira chegou mesmo a avançar com a possibilidade de um corte superior a um milhão, indo ao encontro de algumas expectativas do mercado que apontam para 1,2 milhões de barris.

A OPEP avança agora com esta proposta de corte adicional de 1,5 milhões de barris, o que elevaria a redução total para 3,6 milhões de barris. 

No final do ano passado, o corte de produção definido por estes 24 países (14 membros da OPEP e seus 10 aliados, com destaque para a Rússia) estava fixado em 1,2 milhões de barris por dia, mas a 6 de dezembro foi anunciado um reforço desta redução, em 500 mil barris diários nos primeiros três meses de 2020 – fazendo com que o corte total da oferta de crude no mercado ascendesse a 1,7 milhões de barris por dia. Além isso, a Arábia Saudita anunciou que diminuiria voluntariamente em mais 400.000 barris diários o plafond de produção que lhe foi destinado, pelo que, sem prevaricadores, a retirada de crude do mercado seria de 2,1 milhões de barris por dia.

 

Na terça-feira, a Facts Global Energy estimou que a procura de petróleo deverá registar uma contração média de 220.000 barris diários este ano, devido ao coronavírus, sendo de esperar uma diminuição de 2,3 milhões de barris por dia no primeiro trimestre face ao mesmo período de 2019 – e só se antecipando um crescimento do consumo a partir do terceiro trimestre.

 

Já a Energy Aspects reviu em baixa a sua projeção para o crescimento da procura por crude em 2020, para 500.000 barris diários. Antes do surto oriundo da China, a consultora em energia estimativa em 1,1 milhões de barris por dia o crescimento da procura este ano. Agora vê uma contração de 1,2 milhões de barris diários no primeiro trimestre e um magro crescimento de 400.000 barris/dia entre abril e junho.

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