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AIE alerta para queda ainda mais expressiva do petróleo por causa do Irão
Os preços da matéria-prima encolheram em um quinto desde o início do ano, mas podem continuar a cair. O excesso de oferta pode "afogar" o mercado, arrasando com as cotações nos mercados internacionais.
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A Agência Internacional de Energia (AIE) alerta para o risco de os preços do petróleo poderem "afogar-se". Defende que apesar dos mínimos que já têm sido atingidos nos mercados internacionais, a procura continua reduzida. E prevê que o excesso de oferta pode levar as cotações a níveis ainda mais baixos. O Irão será o responsável por inundar o mercado com mais barris.
As estimativas para a procura por petróleo, este ano, foram revistas em baixa perante o enfraquecimento do crescimento da economia chinesa. Ao mesmo tempo, a AIE reviu em alta as previsões para a produção de petróleo fora da OPEP, essencialmente devido ao Irão. A produção nestes países pode cair em 600 mil barris por dia, mas o Irão poderá trazer mais 1,5 milhões de barris para o mercado.
"Enquanto o ritmo de aumento de reservas trava na segunda metade deste ano, com a redução da oferta dos países fora da OPEP, a menos que alguma coisa mude, o mercado petrolífero poderá afogar-se no excesso de oferta", refere a AIE. E alerta que, neste contexto, os preços da matéria-prima "podem ir ainda mais abaixo" face aos mínimos de 12 anos que têm sido atingidos.
Tanto o West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, como o Brent, em Londres, mantêm a tendência de queda registada no último ano. E se em 2015 perderam cerca de um terço do valor, este ano registam quedas de 20%. Descidas que levaram já a cotação de ambos abaixo dos 30 dólares: 29,62 dólares o WTI e 29,29 dólares o Brent. E o Brent chegou mesmo a baixar já dos 28 dólares com o levantamento das sanções ao Irão.
Com o acordo nuclear concluído em Julho, o país teve tempo para armazenar petróleo para acelerar o regresso ao mercado. No mês passado, o país aumentou a produção em 5.700 barris por dia, segundo os dados da OPEP. Por isso, "a reacção do mercado faz sentido, tendo em conta a inundação de petróleo inicial", analisa Ole Hansen, indicando que o importante é avaliar a capacidade de aumento da oferta no médio prazo. E para o estratego de mercados do Saxo Bank, o crescimento será gradual. "O Irão precisa de investimento estrangeiro significativo e tecnologia para reparar o seu potencial produtivo", concorda o Morgan Stanley.