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Como os grandes fundos soberanos estão a ajudar a afundar os mercados

A forte queda dos preços do petróleo, que seguem a negociar abaixo de 30 dólares por barril, está a forçar os fundos soberanos de países produtores de crude a vender activos nos mercados e a aumentar a pressão vendedora.

19 de Janeiro de 2016 às 11:44
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A China lançou uma nova vaga de incerteza nos mercados mundiais, atirando as bolsas para um início de ano "negro". Mas não é só Pequim que está a afundar as acções. Os grandes fundos soberanos, cujas fontes de capital vêm da produção de petróleo, estão a acelerar as quedas, desfazendo-se de várias posições devido à forte queda dos preços da energia, alerta o Jefferies.


Os grandes fundos de países exportadores de petróleo estão numa nova fase, a venderem activos nos mercados. Depois de terem tentado aumentar a produção de crude e imprimir nova moeda para fazer os seus pagamentos, a forte queda dos preços do petróleo está a forçar fundos soberanos a vender activos nos mercados, de modo a cumprirem os seus compromissos financeiros.


"Entrámos agora numa nova fase onde o excesso de apetite por poupança está a ser substituído por um excesso de apetite pela venda", argumenta David Zervos, estratego de mercado do Jefferies, numa nota citada pela Bloomberg.


O mesmo "research" destaca que, com as cotações do petróleo abaixo de 30 dólares por barril, "a venda de activos tornou-se mais agressiva", contribuindo para aumentar a pressão vendedora nos mercados mundiais.


Mercados à mercê dos "ursos"

Em apenas 12 sessões, as principais praças mundiais acumulam quedas em torno de 8%. O europeu Stoxx 600 cai 8,5% em 2016 e negoceia em mínimos de mais de um ano, depois de ter entrado em "mercado urso" no final da semana passada. Antes, tinha sido o mercado accionista brasileiro a entrar num ciclo de quedas, registando uma desvalorização superior a 20% desde o último máximo.


Em simultâneo, as cotações do petróleo continuam a renovar novos mínimos. O levantamento das sanções ao Irão, que lhe permitirá aumentar as suas exportações de crude, acelerou as quedas, levando a matéria-prima a baixar a fasquia dos 28 dólares por barril no mercado londrino na segunda-feira, 18 de Janeiro.


Esta forte correcção nos mercados segue-se a um período de maior nervosismo em torno da China, devido às crescentes preocupações em torno da sua economia, após uma série de intervenções das autoridades chinesas no mercado cambial.


O especialista da Jefferies realça que inicialmente atribuía a queda nos mercados ao nervosismo em torno do yuan. "Agora penso que isto é basicamente uma história de energia, com a China simplesmente um catalisador", defende.


Ainda assim, numa visão de longo prazo, Zervos considera que os baixos preços da energia vão beneficiar a economia americana, uma vez que "um consumo mais forte vai ‘eventualmente’ apoiar o crescimento e os resultados".

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