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Bolsas mundiais estendem quedas arrastadas pela energia
As bolsas mundiais estão a ser penalizadas pela descida das perspectivas para o crescimento mundial e pelas petrolíferas, que estão a ser arrastadas pelas fortes quebras do petróleo. O Stoxx 600 está em mínimos de 2014.
As principais praças mundiais estão a prolongar as descidas que têm marcado este arranque de ano. Depois das praças japonesas terem-se juntado às chinesas e europeias em "mercado urso", as bolsas do Velho Continente estão esta manhã a negociar no valor mais baixo em 13 meses, com desvalorizações próximas de 3%.
O índice europeu Stoxx 600 cai 2,84%, a negociar no valor mais baixo desde Dezembro de 2014, enquanto o índice MSCI global perde 1,1%, cada vez mais próximo de entrar em "mercado urso". O índice regista uma queda de 19% desde os máximos de Maio.
O pessimismo é transversal à maioria das praças mundiais, com os investidores a despejarem as suas acções no mercado perante os receios crescentes em relação à economia chinesa e com a crise das matérias-primas a arrastar as cotações das empresas do sector. Companhias como a Shell ou a Repsol acumulam perdas superiores a 19% em 2016, com o petróleo a renovar mínimos de 12 anos abaixo dos 28 dólares por barril.
A economia chinesa cresceu 6,9% em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos. Este crescimento ficou ligeiramente abaixo da meta de 7% definida pelas autoridades e é o valor mais baixo desde 1990.
A par da divulgação do crescimento mais lento na China, o Fundo Monetário Internacional (FMI) baixou as suas expectativas para o crescimento mundial em 2016. A instituição liderada por Christine Lagarde prevê que a economia global cresça 3,4% este ano e 3,6% no próximo, duas décimas abaixo da anterior previsão.
Estas perspectivas mais negativas para a economia, associadas à forte desvalorização dos preços do petróleo, que está a arrastar as empresas do sector e a forçar fundos soberanos a venderem activos no mercado, estão a determinar a correcção nas bolsas. E são vários os bancos de investimento que mandam os investidores ficar fora das acções.
Instituições como o Royal Bank of Scotland ou o JPMorgan disseram aos seus clientes para se desfazerem das suas acções. Estes conselhos surgiram já depois de conhecidos investidores como George Soros ou Marc Faber terem comparado esta crise com a de 2008, declarações que têm contribuído para aumentar o clima de incerteza nos mercados.
Tóquio em mercado urso
As bolsas japonesas entraram esta quarta-feira, 20 de Janeiro, em "mercado urso", penalizadas pelos receios em torno da China e pela deterioração das perspectivas de crescimento global. O nipónico Topix encerrou a descer 3,7%, elevando para 21% a queda acumulada desde os máximos de 10 de Agosto. Em simultâneo, o Nikkei baixou 3,71%, registando igualmente uma queda de 21% desde os máximos, com as acções japonesas a sucumbiram ao pessimismo em torno das acções a nível global.
Europa junta-se aos "ursos"
As bolsas europeias também estão a pagar a factura da instabilidade nas bolsas mundiais. O índice europeu Stoxx 600 entrou em "mercado urso" no final da semana passada, ao cair mais de 20% desde o máximo de Abril. O pessimismo em torno dos activos de maior risco e o impacto da quebra do petróleo no sector da energia, bem como as perdas elevadas das exportadoras com maior exposição à China têm determinado o comportamento negativo dos índices. Em 2016 o Stoxx 600 desce 11,6%.
China afunda mais de 20% desde Dezembro
Depois de um arranque de ano marcado por quedas muito acentuadas, as bolsas chinesas entraram oficialmente no final da semana passada em tendência de queda. Entre 22 de Dezembro e a última sexta-feira, 15 de Janeiro, a bolsa de Xangai acumulou uma desvalorização de 20,56%, entrando em "mercado urso". A castigar as bolsas chinesas continuam as preocupações em torno da travagem da sua economia, com os esforços das autoridades chinesas para travarem o pessimismo dos investidores a revelarem-se insuficientes.
Lisboa em mínimos de 2012
A bolsa lisboeta não tem escapado ao clima de instabilidade que está a marcar a negociação nas restantes praças mundiais. O índice PSI-20 – que até começou o ano com quedas inferiores às bolsas europeias – acentuou a tendência negativa, penalizado pela banca e pela Galp. Desce 13,8% em 2016, uma das desvalorizações mais expressivas na Europa, e está a negociar em mínimos de Agosto de 2012.