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Cinco gráficos que mostram o ataque dos “ursos” aos mercados
Os “ursos” atacaram os mercados financeiros. As fortes quedas desde o início do ano, levaram muitos índices de referência a afundar mais de 20% desde o pico. Veja cinco gráficos que ilustram a chegada dos “ursos”.
O ano de 2016 começou com quedas expressivas nos mercados mundiais. As preocupações sobre a economia chinesa e a descida a pique dos preços do petróleo provocaram um aumento na aversão ao risco. A bolsa chinesa, as acções europeia e até o PSI 20 chegaram a perder mais de 20% face ao último pico, o que nos mercados é considerado como mercado "urso". O nervosismo nos mercados apenas foi interrompido nas últimas sessões, após o BCE ter sinalizado mais estímulos monetários.
Em menos de dois meses, "ursos" atacam China
Bastaram 10 sessões em 2016 para levar a China a entrar em "mercado urso". O arranque do ano foi marcado pela introdução do mecanismo de suspensão da negociação quando eram registadas variações superiores a 7% e pela desvalorização do yuan face ao dólar. As medidas surtiram o efeito contrário ao pretendido e as bolsas chinesas afundaram. Quando a bolsa encerrou apenas em 29 minutos de negociação, o regulador suspendeu o mecanismo.
Mas os dados económicos continuaram a pesar na confiança dos investidores e, a 15 de Janeiro, a bolsa de Xangai já desvalorizava mais de 20% desde o pico de 22 de Dezembro. Segue a perder 25,2% para 2.916,563 pontos desde essa altura.
O abrandamento da segunda maior economia do mundo, que cresceu em 2015 ao ritmo mais lento dos últimos 25 anos, renovou receios dos investidores, afundando os mercados financeiros. Da China, os "ursos" caminharam para os mercados mundiais.
Bolsas mundiais sob pressão
A incerteza sobre a China contagiou os restantes mercados. O índice MSCI Global, que mede o desempenho das bolsas mundiais, chegou a perder quase 20% face ao pico que tinha atingido em Maio do ano passado. O Stoxx 600, que reflecte o andamento das bolsas europeias, também chegou a entrar em mercado "urso". No entanto, após Mario Draghi ter sinalizado na passada quinta-feira mais estímulos na Zone Euro, houve sinais de recuperação. Ainda assim, o saldo nos últimos meses continua bem negativo. O PSI-20 também não escapou ao aumento da aversão ao risco. Perde 9% em 2016 e desvaloriza 23% face ao pico atingido em Abril do ano passado.
Mercado à beira de um ataque de nervos
Quedas fortes nos valores de activos reflectiram-se num aumento da protecção procurada pelos investidores através de opções sobre os principais índices mundiais. O VIX, conhecido como o índice do medo e que mede a volatilidade no mercado dos EUA, disparou 24% neste início do ano para mais de 22 pontos. Também o índice de volatilidade na Europa, o VStoxx, aumentou 27%, um sinal do nervosismo que se abateu sobre os mercados no início do ano. No entanto, nas duas últimas sessões as expectativas sobre mais estímulos monetários ajudaram a moderar a volatilidade.
"Ursos" do petróleo activos
O petróleo já estava em "mercado urso" desde Julho de 2015, mas num arranque do ano marcado pelo regresso do Irão, os preços acentuaram a queda. Como previu a Agência Internacional de Energia (AIE), "os ursos do petróleo decidiram não hibernar". O excesso de oferta no mercado, acentuada após o fim das sanções internacionais ao Irão, e as perspectivas de menor consumo, devido ao abrandamento da economia (após serem conhecidos os indicadores económicos da China), afundaram os preços no início de 2016. O Brent, negociado em Londres, que serve de referência para as importações europeias, acumula já uma queda de 18,4% este ano, apesar de ter disparado 7% para 31,48 dólares, na última sessão da semana.
A queda dos preços do "ouro negro" arrastou o sector das matérias-primas e penalizou as acções do sector energético e das produtoras, pesando negativamente nos mercados accionistas.
Matérias-primas e sector automóvel lideram perdas
O colapso dos preços do petróleo levou o índice das petrolíferas europeias a acumular uma queda de 7% este ano, que seria ainda maior, não fosse a recuperação do petróleo no final da semana. O índice dos recursos naturais, que engloba as produtoras de matérias-primas, lidera as perdas no Stoxx 600, com uma queda de 15,3% desde o início do ano. É seguido de perto pelo sector automóvel e também pelo sector financeiro. As fabricantes automóveis reflectem o impacto da sua exposição à China, temendo menores importações. Além disso, a continuação do escândalo das emissões poluentes – que chegou entretanto à Renault – pesou nas cotações. O índice do sector automóvel perde 14,03% este ano.