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EDP: "Era óptimo que houvesse uma OPA concorrente", dizem os pequenos investidores
O presidente da associação de pequenos investidores considerou, este sábado, que a OPA sobre a EDP "é natural" e que a forma como a China Three Gorges se comportava em assembleias-gerais fazia presumir controlo sobre a sociedade.
"Era óptimo que houvesse uma OPA concorrente e na nossa perspectiva existem outras sociedades para quem faz sentido", afirmou, considerando que o mercado das eléctricas é muito interessante para as empresas.
O representante desta associação de pequenos investidores recordou o que se passa no Brasil, onde duas grandes energéticas europeias, a italiana Enel e a espanhola Iberdrola, disputam o controlo da Eletropaulo.
Octávio Viana considerou ainda que a OPA da China Three Gorges sobre a EDP "é natural". "Achamos que a oferta pública de aquisição [OPA] era natural. Acaba por ir de encontro do que reclamamos [em 2012] e mostra que muitas vezes as próprias sociedades são mais rápidas do que a justiça", disse Octávio Viana, presidente da ATM.
Segundo o responsável, aquando da reprivatização, há seis anos, a ATM defendeu que a China Three Gorges devia lançar uma OPA sobre a EDP, porque embora não tivesse os 33% que fazia presumir controlo sobre a sociedade, a forma como se comportava em assembleias-gerais e as decisões tomadas implicava um controlo efectivo da empresa, pelo que puseram uma acção no Tribunal de Comércio nesse sentido. Contudo, acrescentou, acabaram por desistir da acção porque só a notificar a justiça demorou dois anos.
Questionado sobre o preço oferecido para os restantes accionistas da EDP aceitarem vender as suas acções da EDP, Octávio Viana disse que a ATM não tem uma posição formal, mas que "o ‘feedback’ que tem tido de investidores, mesmo de institucionais, é de que o preço não reflecte as expectativas do que entendiam ser o justo-valor para sair" da empresa.
Ainda assim, afirmou, o preço não é a única contrapartida a considerar e há "outras variáveis" importantes a saber nesta OPA, nomeadamente "saber o plano" da CTG para a EDP, de como "a empresa dominante pretende criar valor para os accionistas numa perspectiva futura".
Quanto a possíveis entraves ao negócio por a EDP (empresa de distribuição de energia) poder vir a ser controlada pelo Estado chinês, uma vez que a China Three Gorges é pública, quando este já tem o controlo da REN (redes nacionais de transporte de energia), através da empresa pública State Grid, Octávio Viana afirmou que essa é uma questão importante e que o prospecto da OPA tem de referir "os riscos e alterações, nomeadamente de o último beneficiário ser o Estado chinês".
"É importante quando os accionistas tomam as decisões saberem os riscos e como vão ser acautelados", vincou.
"Os accionistas minoritários nas OPA não têm sido respeitados e os tribunais não estão preparados, demoram muito tempo", queixou-se.