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Chineses lançam OPA à EDP com prémio de 4,82% e avaliam eléctrica em 11,9 mil milhões

Os accionistas chineses, que controlam actualmente mais de 28% da EDP, lançaram uma OPA sobre a eléctrica oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros. Um prémio de 4,82% face ao valor de fecho da empresa esta sexta-feira.

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A China Three Gorges (CTG) lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por acção, o que representa um prémio de 4,82% face ao valor de fecho das acções da eléctrica esta sexta-feira, 11 de Maio. 

O valor oferecido avalia a empresa liderada por António Mexia em 11,9 mil milhões de euros. Esta oferta é "geral e voluntária" pode-se ler no documento divulgado na CMVM. O Millennium Investment Banking, banco de investimento do BCP, é a instituição financeira responsável pela oferta.

A CTG destaca que a sua oferta representa um prémio de cerca de "10,8% em relação ao preço médio ponderado das acções" da EDP nos seis meses posteriores a esta sexta-feira: 2,94 euros por acção. Ao mesmo tempo, destaca que a sua oferta representa um prémio de cerca de "17,9% em relação ao preço médio ponderado ajustado das acções" nos seis meses anteriores a esta sexta-feira: 2,77 euros por acção.

A CTG destaca que a OPA será concluída com sucesso se passar a controlar 50% mais uma acção da EDP após a conclusão da operação."A eficácia da oferta estará sujeita, até ao termo do período da oferta, à aquisição por parte da oferente, no âmbito da oferta, de um número de acções que, acrescidas às ações detidas pela oferente ou por sociedades que estejam com esta em relação de domínio ou de grupo representem, pelo menos, 50% dos direitos de voto mais 1 direito de voto na sociedade visada".

A empresa chinesa destaca que o lançamento desta oferta está sujeito "à alteração dos estatutos da sociedade visada, ainda que condicionada ao sucesso da oferta, de forma a remover qualquer limite à contagem de votos emitidos por um só accionista, quer em nome próprio, quer actuando em nome de outro accionista". Recorde-se que a EDP tem limitados os direitos de votos a 25% do capital.

A companhia garante que, caso a oferta termine com a CTG a controlar mais de 90% da EDP, não pretende retirar a empresa de bolsa. "No caso de, em resultado da oferta, as acções detidas em conjunto pela oferente e por quaisquer pessoas ou entidades relacionadas com a oferente, (...) excederem 90% dos direitos de voto correspondentes ao capital social da sociedade visada, a oferente não pretende requererà CMVM a perda da qualidade de sociedade aberta".

Entretanto, a CTG também lançou uma OPA sobre a EDP Renováveis (controlada em 83% pelo grupo EDP), oferecendo 7,33 euros por cada acção, um valor abaixo da cotação de fecho desta sexta-feira (7,845 euros).

OPA sujeita a autorizações regulatórias e governamentais em Portugal e lá fora

Segundo a anúncio preliminar esta oferta está dependente de autorizações regulatórias nacionais e internacionais. Em Portugal, da Autoridade da Concorrência mas também do Executivo de António Costa: "Confirmação por parte do Governo de Portugal de que não irá opor-se à oferta tal como delineada no presente anúncio (e, por consequência, de que não irá opor-se ao lançamento da potencial oferta pública obrigatória de aquisição sobre as acções representativas do capital social da sociedade espanhola EDP Renováveis".

O Governo já declarou que não se vai opor à OPA com o primeiro-ministro a declarar: "Não temos nenhuma reserva a opor". Ainda antes da oferta ser oficial, António Costa lembrou que "as coisas têm corrido bem em Portugal" e os chineses "têm sido bons investidores", citando os exemplos da REN, EDP e "outros sectores".


Lá fora, a CTG pretende obter aprovações da Comissão Europeia. Também na Europa, a companhia espera obter autorização por parte do presidente do Departamento de Regulação Energética da Polónia. Em França, obter uma "decisão escrita" pelo ministro da Economia e das Finanças francês "confirmando que a oferta não está sujeita a aprovação de acordo com os regulamentos de investimento estrangeiro francês". Na Roménia, "autorizaçáo para o prosseguimento da oferta por parte do conselho supremo de Defesa Nacional da Roménia (CSDNR)".

Já nos Estados Unidos, o maior mercado da EDP Renováveis, a CTG espera obter a aprovação pela Comissão de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos (CFIUS), a "emissão de uma ordem final por parte da Comissão Federal Reguladora de Energia dos EUA (FERC)".

No Brasil, a não oposição à oferta tanto por parte do Conselho Administrativo da Defesa Econômica do Brasil (CADE), ou a não oposição à oferta por parte da Agência Nacional de Energia Eléctrica Brasileira (ANEEL).

No Canadá, a não rejeição ou não oposição do Departamento de Concorrência Federal do Canadá (FCB), da Divisão de Análise de Investimentos do Canadá, sob a tutela do Governo canadiano, do Operador do Sistema Eléctrico Independente Canadiano (IESO).

Em Espanha, autorizações por parte das autoridades portuárias de Avilés e de Gijón para proceder à "alteração indirecta da estrutura de controlo da Hidroelectrica del Cantabrico", isto é, a EDP ESpanha.

China tem vindo a reforçar posição na EDP

O Estado chinês tem vindo a reforçar a sua posição na EDP. A CNIC comprou quase 2% da eléctrica no final de 2017, passando a deter quase 5%. Com 28,25% do capital imputados à República Popular, Pequim ficou assim mais perto da meta de 33,33% em que é obrigada a lançar uma OPA.

A notícia do lançamento da OPA tinha sido avançada pelo Expresso minutos antes do fecho da bolsa nacional. As acções da EDP, que chegaram a cair mais de 3% ao longo da sessão, a reflectir os resultados do primeiro trimestre, que não apresentaram supresas, foram recuperando valor ao longo do dia e fecharam a subir 0,75% para 3,11 euros. 

O jornal Expresso revelava que o Governo de António Costa não vai colocar entraves à operação. Mas existe a possibilidade do próprio conselho de administração da EDP vir a classificar esta OPA como hostil, de acordo com a mesma publicação.

A EDP tem sido namorada nos últimos meses por várias eléctricas europeias como a italiana Enel, a espanhola Gas Natural Fenosa ou a francesa Engie. A confirmar-se, o movimento de Pequim pode surgir como uma forma de antecipar, e travar, a investida de outras empresas na EDP.

O presidente da eléctrica, António Mexia, veio recentemente a público avisar que a empresa está bem sem um grande accionista a controlar a maioria do capital. "Estamos a controlar o nosso destino. Não preciso de mais ninguém para controlar o nosso destino, precisamos apenas da confiança dos nossos accionistas, parceiros, colaboradores e clientes", disse António Mexia em entrevista ao Negócios no início de Abril. O gestor tem vindo a negar ao longo dos últimos meses que existam conversações com outras empresas com visto a uma fusão.

EDP namorada por franceses, espanhóis e italianos

Um dos interesses mais recorrentes, a julgar pelas notícias que têm saído em Portugal e Espanha, é o da Gas Natural Fenosa. O presidente da Gas Natural Fenosa, Isidre Fainé esteve inclusivamente em Lisboa, pelo menos duas vezes, para discutir o interesse da eléctrica espanhola na EDP.

Já a imprensa espanhola deu conta do interesse da italiana Enel - dona da espanhola Endesa - na EDP. Sobre esta eventual operação, o presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, destacou que a entrada da Enel na EDP iria levantar muitas questões regulatórias pois tanto a eléctrica portuguesa como a Endesa operam nos mercados de Portugal e Espanha.

francesa Engie foi a última empresa a entrar na corrida à EDP. A imprensa francesa avançou em Abril que a eléctrica gaulesa analisou a entrada no capital da EDP, mas a EDP desmentiu qualquer operação.
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