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Franco dispara 29% e bolsa suíça regista maior queda desde 1988

A decisão inesperada do banco central da Suíça está a gerar variações muito acentuadas dos títulos do país. Enquanto o franco suíço disparou mais de 29% para um máximo histórico, a bolsa do país está em queda livre, com perdas acima de 10%.


As taxas de juro oficiais dos bancos centrais da Suíça, Dinamarca, Suécia e Japão são actualmente negativas, situando-se em -0 .75%, -0.65%, -0.50% e -0.10%, respectivamente. A Zona Euro tem uma taxa de depósito negativa, mas a taxa de refinanciamento principal é de 0%. Já que o alegado “limiar zero” foi quebrado, esperamos que os estrategas políticos voltem a recorrer a taxas negativas no futuro. No entanto, estas constituem uma “ferramenta de emergência”, devido aos problemas que criam à banca, como o Banco Central Europeu (BCE) constatou com sua taxa de juro de -0,4% sobre o excesso de reservas.
Reuters
15 de Janeiro de 2015 às 12:54
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A bolsa da Suíça está a registar uma queda acentuada e a moeda do país está em forte alta face ao euro e ao dólar, um reflexo da decisão surpresa do banco central da Suíça, que desistiu de manter um mínimo para a taxa de câmbio do franco suíço face à moeda europeia.

 

O SMI, principal índice da bolsa suíça, está a desvalorizar 12,58% para 8.041,36 pontos, naquela que é a maior queda diária desde 1988. A forte queda desde bolsa está a contagiar outros mercados europeus, com maior ligação à economia suíça, como a bolsa polaca.

 

No mercado cambial as variações são ainda mais acentuadas. A moeda suíça está a transaccionar a 1,02 francos por cada euro, valorizando 17% face à última sessão. Cada moeda europeia já foi trocada esta quinta-feira por 0,85172 francos suíços, o que traduz um mínimo histórico para o euro neste par cambial. A valorização do franco, que está no nível mais elevado de sempre face ao euro, já atingiu 29%.

 

Contra o dólar o franco suíço também já atingiu um máximo de três anos, com cada dólar a valer 0,8788 francos suíços.

 

É desta forma que o mercado está a reagir à decisão surpresa anunciada esta quinta-feira pelo Swiss National Bank (o banco central do país), que decidiu desistir da ligação entre o franco e o euro.

 

O banco central definiu em 2011 que a moeda do país deveria ter um câmbio mínimo de 1,20 francos suíços por euro, com o objectivo de proteger a economia suíça da turbulência originada com a crise da dívida soberana da Zona Euro. A autoridade monetária temia que uma queda do euro devido à crise da dívida ameaçasse a economia suíça devido à apreciação do franco.

 

Agora, perante a tendência negativa do euro e a expectativa de mais quedas devido ao programa de compra de dívida pública que o BCE deverá anunciar na próxima semana, o banco central desistiu desta ligação do franco ao euro. O que apanhou o mercado de surpresa e está a gerar esta forte reacção dos activos ligados à economia suíça.

 

"O franco suíço permanece em níveis elevados, mas a sobrevalorização diminuiu desde a introdução de uma taxa de câmbio mínima", justificou o banco central suíço num comunicado ao mercado, acrescentando que "a economia suíça foi capaz de se adaptar neste período a uma nova situação".

 

Para compensar este "desligamento" do franco face ao euro, o banco central adoptou ainda outra medida de política monetária, ao baixar ainda mais a taxa de juro, que já estava em valores negativos. A taxa de juro dos depósitos foi cortada em meio ponto percentual, para -0,75%.

 

Com a queda do euro cada vez mais forte, a pressão sobre o franco suíço era cada vez maior, o que obrigava a uma forte intervenção do banco central no mercado para controlar o valor da moeda.  

 

De acordo com a Bloomberg, só em 2012 o banco central gastou 199 mil milhões de dólares a travar a subida da moeda. As intervenções no mercado levaram o balanço do banco em moeda estrangeira a atingir 495 mil milhões de francos suíços.

 

Exportadoras e bancos afundam na bolsa

 

A queda está a ser generalizada na bolsa suíça, mas as companhias exportadoras e financeiras, que são as mais penalizadas com a subida do franco, estão a ser as mais castigadas.

 

Na banca, o UBS afunda 13,6%, o Julius Baer desvaloriza 13,43% e o Credit Suisse desce 12,88%. Entre as exportadoras destaca-se a Swatch, com as acções da fabricante de relógios a cair 13,09%. A farmacêutica Novartis e a cimenteira Holcim também caem mais de 10%.

 

O "chief investment office" do UBS já antecipou que esta decisão do banco central terá um "grande" impacto na economia suíça. Estimou um impacto de 5 mil milhões de francos suíços, o equivalente a 0,7% do PIB do país.

 

Os accionistas das empresas suíças que estão fora do país até podem estar a ganhar com a venda dos títulos na sessão de hoje, uma vez que a forte subida do franco face às outras divisas compensa a perda de valor das acções.

 

"Para os investimentos internacionais, a valorização do franco suíço está a ser uma tentação para vender acções e realizar mais-valias", comentou à Bloomberg um gestor de activos da Storebrand Asset Management.

 

Além das exportadoras e das companhias do sector financeiro, esta subida acentuado do franco suíço é também fortemente penalizadora para as empresas de turismo, uma vez que visitar este país ficará agora muito mais caro para os turistas. 

 

Evolução do franco suíço face ao euro na sessão desta quinta-feira, 15 de Janeiro:

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