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Banco central da Suíça rejeita reacção de "pânico" e admite continuar a intervir no mercado

O governador do banco central da Suíça rejeitou que a decisão de desistir da taxa de câmbio mínima do franco suíço face ao euro tenha sido uma "reacção de pânico" e adiantou que a moeda deve voltar em breve a um câmbio "normal".

Reuters
15 de Janeiro de 2015 às 14:07
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Thomas Jordan (na foto) foi esta quinta-feira fortemente pressionado pelos jornalistas, na habitual conferência de imprensa após a reunião do banco central, em que foi decidido o fim da taxa de câmbio mínimo da moeda do país, de 1,20 francos suíços por euro.

 

A decisão gerou uma forte apreciação do franco suíço face ao euro e também outras moedas e uma queda acentuada da bolsa de Zurique, já que a medida não era de todo esperada pelos mercados.

 

O governador do banco central da Suíça rejeitou que a decisão tenha sido tomada numa "reacção de pânico" à queda acentuada do euro, argumentando antes que este desligamento do câmbio foi "bem pensado".

 

Jordan desvalorizou a reacção dos mercados, afirmando que a decisão tinha sempre que ser anunciada de surpresa e que as variações dos títulos são sempre mais acentuadas em situações que os mercados não estão à espera, pois geram uma maior volatilidade.

 

A moeda suíça disparou cerca de 30%, com o euro a valer 0,85172 francos suíços, contra 1,20 na sessão de ontem. A bolsa afundou mais de 12%, na maior queda desde 1988.

 

O governador acrescentou que o banco central espera, depois desta reacção de curto prazo, que a taxa de câmbio do franco regresse a valores mais "normais". Ainda assim, Jordan não excluiu que o banco central continue a intervir no mercado para travar a subida do franco.

 

No comunicado onde é anunciada a decisão, o banco central da suíça diz que vai continuar activo no mercado. O governador justificou a decisão com vários desenvolvimentos recentes, como a crise na Rússia (que originou uma fuga de capitais deste país para a Suíça), a forte queda do petróleo e a alteração na taxa de câmbio do euro face ao dólar. A moeda europeia atingiu esta quinta-feira um mínimo desde 2003 face ao dólar, transaccionando abaixo de 1,16 dólares.  

 

As expectativas dos economistas apontam para que o euro continue em queda, devido ao programa de compra de dívida pública que deverá anunciar na próxima semana. O que colocaria ainda mais pressão no banco central suíço para travar a subida do franco.

 

"É uma clara capitulação. A pressão e a crença que o BCE vai lançar um programa de compra de dívida na próxima semana – pressionando ainda mais o euro – foi o suficiente para o banco central da Suíça sair do caminho", disse ao Guardian Jeremy Cook, do World First. "Ninguém consegue ganhar quando se está à frente de um comboio, excepto se for o comboio", acrescentou.

 

Taxa de juro negativa nos depósitos de 0,75%

 

No comunicado a anunciar a decisão, o banco central já tinha citado a queda do euro face ao dólar como uma das razões para abandonar o câmbio mínimo do franco face à moeda europeia.

 

"O euro depreciou consideravelmente face ao dólar, o que por sua vez levou o franco suíço a desvalorizar face ao dólar. Nestas circunstâncias, o banco central da suíça concluiu que forçar e manter a taxa de câmbio mínima para o franco suíço face ao euro já não se justifica".

 

Depois deste anúncio o franco suíço disparou, com cada dólar a ser trocado por 0,8788 francos suíços.

 

"O franco suíço permanece em níveis elevados, mas a sobrevalorização diminuiu desde a introdução de uma taxa de câmbio mínima", acrescentou o banco central suíço num comunicado ao mercado, acrescentando que "a economia suíça foi capaz de se adaptar neste período a uma nova situação".

 

Para compensar este "desligamento" do franco face ao euro, o banco central adoptou ainda outra medida de política monetária, ao baixar ainda mais a taxa de juro, que já estava em valores negativos. A taxa de juro dos depósitos foi cortada em meio ponto percentual, para -0,75%.

 

Com a queda do euro cada vez mais forte, a pressão sobre o franco suíço era cada vez maior, o que obrigava a uma forte intervenção do banco central no mercado para controlar o valor da moeda.  

 

De acordo com a Bloomberg, só em 2012 o banco central gastou 199 mil milhões de dólares a travar a subida da moeda. As intervenções no mercado levaram o balanço do banco em moeda estrangeira a atingir 495 mil milhões de francos suíços.

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