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Haitong vê risco de mais impostos e taxas sobre as grandes empresas em Portugal

O banco de investimento diz que até o Presidente da República tomar uma decisão sobre o próximo Governo, a volatilidade vai continuar a afectar o mercado português. O ex-BESI analisa o impacto das medidas da esquerda nas cotadas.

Miguel Baltazar/Negócios
11 de Novembro de 2015 às 10:22
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A Haitong analisa esta quarta-feira os últimos desenvolvimentos na política portuguesa, depois da esquerda ter derrubado o Governo de Passos Coelho no Parlamento, ao rejeitar o seu programa de Governo.

 

A bola está agora do lado do Presidente da República e até que se conheça uma decisão de Cavaco Silva, "esperamos que continue a volatilidade no mercado", refere a Haitong, destacando que depois do tombo acima de 4% na segunda-feira, ontem o PSI-20 já registou um comportamento em linha com as praças europeias.

 

Na nota de "research", o ex-BESI avalia o impacto das medidas que podem ser implementadas por um governo liderado pelo PS, tendo por base as posições conjuntas que o PS assinou com os restantes países de esquerda.

 

Estes documentos "dão uma boa ideia sobre quais poderão ser as medidas mais importantes a implementar pelos socialistas se conseguirem formar governo", diz a Haitong, que faz a análise a várias das medidas.

 

Se défice derrapar pagam as grandes empresas?

O banco de investimento conclui que haverá um aumento da despesa pública, o que levará o défice orçamental para valores próximos dos 3%. "É difícil nesta altura estimar qual será o impacto nas receitas fiscais, mas parece claro que a capacidade do governo responder a qualquer desvio será muito mais limitado, dado que dificilmente os partidos de esquerda permitirão a implementação de medidas com impacto no rendimento disponível das famílias", refere a Haitong.

 

Então o que fará um governo liderado pelo PS para equilibrar as contas públicas? Perante este cenário, a Haitong diz que "há o risco crescente de aumentarem os impostos e serem aplicadas taxas especiais sobre as grandes empresas".

 

Ainda assim assinala que os socialistas até agora não fizeram qualquer cenário sobre esta matéria e que o banco só admite este cenário caso as contas públicas venham a derrapar. O cenário macroeconómico do PS, divulgado na sua proposta de Programa de Governo, antecipa um défice de 2,8% do PIB em 2016, abaixo dos 3% deste ano. Mário Centeno, apontando como o ministro das Finanças de um governo socialista, afirmou que as medidas acordadas com o PCP e Bloco de Esquerda não têm impacto orçamental, face ao que estava inscrito no programa eleitoral do PS.

 

No caso de um Governo liderada pelo PS avançar com taxas especiais sobre as grandes empresas, "os alvos mais prováveis seriam empresas como a EDP, REN e Galp", companhias que já pagam taxas especiais introduzidas pelo Governo de Passos Coelho.

A Haitong acrescenta que a decisão de criar um grupo de trabalho para analisar o sector energético "dá uma evidência forte de que poderá haver uma posição ainda mais dura de um Governo socialista sobre as empresas do sector da energia".

 

Subida das "yields" pode baixar avaliação das cotadas

Um aumento da percepção do risco de Portugal pode levar a juros da dívida pública e "spreads" mais elevados, o que terá um impacto negativo nas avaliações das cotadas. "Esperamos que os socialistas tentem passar uma mensagem de segurança aos mercados", contudo parece claro que "quanto mais alto for o défice orçamental, mais vulnerável ficará a economia portuguesa e também o risco do país".

 

O que vai fazer o PS nos impostos diferidos da banca?

Sobre o sector bancário, a Haitong assinala que uma potencial limitação no regime dos impostos diferidos "pode ter um impacto material nos bancos" e "a menos que seja constituído um regime especial para o sector financeiro, pode haver um risco crescente de défice nos rácios de capital". Por isso, este tema dos impostos diferidos na banca "será provavelmente uma das medidas chave a ser acompanhada se o PS formar governo".

 

Salário mínimo com impacto limitado na Sonae

O aumento do salário mínimo para 600 euros até ao final da legislatura é outra das medidas que deverá ser adoptada por um governo PS. A Haitong diz que tal poderá "ter impacto nas empresas que pagam salários mais baixos" e a Sonae "pode ser das companhias mais afectadas.

 

Contudo, o banco assinala que o peso dos salários inferiores a 600 euros na Sonae "reduzido", pelo que "não esperamos um impacto significativo".

 

Reversão da EGF negativa para a Mota-Engil

Os socialistas pretendem também reverter a privatização da EGF, o que de acordo com a Haitong é "potencialmente negativo" para a Mota-Engil, que "ganhou esta concessão e pode gerar valor com o negócio". Os custos que o Estado terá que suportar para anular a privatização estão ainda por apurar, assinala a Haitong.

 

Aumento do rendimento das famílias com impacto positivo 

Muitas das medidas que o PS pretende implementar se for governo tem impacto positivo no rendimento disponível das famílias e por isso também em algumas cotadas. Sobretudo as mais expostas ao consumo privado, como as retalhistas, empresas de telecomunicações e restaurantes.

 

A Haitong destaca por isso a Sonae, Nos e a Ibersol como as empresas que podem beneficiar com estas medidas. A Ibersol beneficia ainda com a descida da taxa de IVA a aplicar aos restaurantes, se bem que neste caso não acredite que a empresa "possa descer muito mais os preços".     

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro. 

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