Os bancos de investimento alteraram, em 2014, várias vezes a sua avaliação e recomendação para as acções que analisam. Esta é a conclusão do relatório anual da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), após analisar 797 notas de "research" para investidores, com alterações de preço-alvo e recomendações. O regulador destaca o caso de um analista que alterou 15 vezes, no mesmo ano, a avaliação ou recomendação de uma cotada e mudou 12 vezes a análise de outras duas acções.
 

"Alguns intermediários financeiros anunciaram várias alterações de recomendações ou de preço-alvo sobre um mesmo emitente durante o ano", escreve a CMVM no relatório, destacando o caso "em que o mesmo analista procedeu a 15 alterações sobre um emitente e 12 sobre outros dois emitentes".

Apesar de mudarem muitas vezes a análise, não conseguem antever o desempenho das acções que seguem, diz a CMVM. As alterações são mais reactivas, do que previsões dos movimentos do mercado. "Continua a verificar-se, em geral, uma elevada incapacidade preditiva dos analistas, cujos preços-alvo e recomendações de investimento tendem a acompanhar de forma tardia a evolução do preço das acções", refere o regulador no relatório anual sobre a actividade da CMVM e sobre os mercados de valores mobiliários

A análise da CMVM pretende avaliar a qualidade da informação apresentada, "a coerência dos pressupostos e dos argumentos utilizados" e investigar a "existência de indícios de instrumentalização das recomendações de investimento para fins de abuso de mercado", indica o relatório.