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Carlos Tavares preocupado com acesso ao financiamento pelas PME

Apesar da política monetária na área do euro, a CMVM alerta para a dificuldade das pequenas e médias empresas conseguirem obter financiamento. E destaca o "abrandamento no processo de desalavancagem".

30 de Setembro de 2015 às 19:46
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Obter financiamento continua a ser uma missão quase impossível para muitas empresas portuguesas, especialmente as pequenas e médias (PME). O alerta é dado por Carlos Tavares, no relatório anual da CMVM, que destaca, especialmente, a dificuldade sentida pelas PME que produzem para o mercado interno, mesmo num contexto de "dinheiro barato" patrocinado pelo Banco Central Europeu (BCE).

"De acordo com o Inquérito Qualitativo de Conjuntura ao Investimento do INE, tal como em anos anteriores, as empresas privilegiaram o autofinanciamento para promover os seus investimentos, enquanto o crédito bancário aumentou para 20%, após uma trajectória descendente desde 2007. Por sua vez, a emissão de obrigações e de acções permaneceu estável e com peso muito reduzido no financiamento empresarial português", diz o relatório anual sobre a actividade da CMVM e sobre os mercados de valores mobiliários, de 2014.

Mas, nota a CMVM, nem todas as empresas têm conseguido acesso ao financiamento. "A conjuntura económica continuou a ser difícil para as empresas portuguesas, principalmente para as pequenas e médias empresas do sector de bens não transaccionáveis. A melhoria do cenário económico esteve fortemente ligada ao significativo crescimento do investimento, embora assente sobretudo no autofinanciamento e, em segunda instância, no recurso ao crédito bancário".


Isto "apesar da política monetária acomodatícia do BCE e da diminuição das taxas de juro interbancárias". Mesmo perante este contexto de dinheiro barato, o "custo de financiamento através de endividamento não teve alterações significativas, denotando que além de dificuldades de acesso ao crédito por parte das empresas não financeiras as instituições financeiras ainda atribuem um prémio de risco significativo na cedência de fundos". Ou sejam, sendo vistas como mais arriscadas, pagam taxas de juro mais elevadas.


Mais alavancadas

As PME, especialmente as do sector de bens não transaccionáveis, continuam a enfrentar várias barreiras à obtenção de financiamento, já as grandes empresas, nomeadamente as cotadas na bolsa de Lisboa, estão a consegui-lo "com aumento do financiamento por capital próprio e ligeira redução do financiamento por dívida". "Estes resultados indiciam um abrandamento no processo de desalavancagem levado a cabo pela generalidade das empresas não financeiras nacionais", alerta a CMVM.


Assim, diz o relatório, "as empresas não financeiras portuguesas exibem o nível de alavancagem mais elevado entre os países analisados, embora em queda, com o valor contabilístico da dívida a ser superior em cerca de 60% ao dos capitais próprios. Por seu turno, as empresas não financeiras francesas apresentam menor endividamento, com os capitais próprios a serem em geral superiores ao financiamento alheio". 

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