Notícia
Popular perde mais de mil milhões em bolsa após aumento de capital
As acções do banco espanhol fecharam a cair 26,66%, a queda mais acentuada de sempre, depois de ter anunciado um aumento de capital de 2,5 mil milhões de euros e uma provisão para fazer face à depreciação dos activos imobiliários.
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O Banco Popular registou uma queda histórica na bolsa de Madrid na sessão desta quinta-feira, 26 de Maio, em reacção ao aumento de capital anunciado pela instituição espanhola que marca forte presença em Portugal e chegou a estar interessada em comprar o Banif.
O Banco Popular pretende emitir 2 mil milhões de novas acções a 1,25 euros cada uma, pelo que encaixará 2,5 mil milhões de euros com a operação. Os títulos vão ser vendidos aos investidores com um forte desconto (46%), o que justifica a queda acentuada das acções na sessão de hoje. Os accionistas vão ter direito de preferência, pelo que vão ser negociados direitos em bolsa.
As acções afundaram 26,66% para 1,728 euros, tendo atingido uma desvalorização máxima de 26,87% para 1,723. Corresponde à queda mais forte de sempre numa sessão para o banco espanhol e as acções tocaram no valor mais baixo em 26 anos.
"É brutal. A diluição dos accionistas é enorme", comentou à Bloomberg um analista da renta 4.
A derrocada das acções do Popular acabou por afectar as cotações de outros bancos do sul da Europa. Em Madrid o CaixaBank (que lançou uma OPA ao BPI) afundou 4,16%, em Milão o Unicredit chegou a cair 5% e em Lisboa o BCP fechou a sessão a cair 2,12% (chegou a cair mais de 5%).
"Os reguladores estarão a pressionar os bancos a baixar o crédito mal parado", comentou à Bloomberg um analista do Mediobanca, acrescentando que "a incerteza regulatória está a afectar o sector e a colocar pressão sobre os bancos".
"Incertezas" obrigam a provisões
O encaixe com o aumento de capital servirá para reforçar o balanço do banco, melhorar a rentabilidade, os níveis de solvência e a qualidade dos activos.
O banco espanhol continua a ser penalizado por um elevado montante de activos problemáticos, sobretudo no sector imobiliário, que têm afectado as contas. No anúncio do aumento de capital o Popular adianta que vai reduzir o peso dos activos imobiliários no seu balanço, tendo como meta até 2018 efectuar vendas no valor de 18 mil milhões de euros.
O Popular alerta ainda que "algumas incertezas" podem obrigar à constituição de provisões no valor máximo de 4,7 mil milhões de euros, o que poderá originar prejuízos em 2016 e obrigar à suspensão do pagamento de dividendos.
Quando regressar aos resultados trimestrais positivos, o que estima acontecer no início do próximo ano, o Popular pretende retomar o pagamento de dividendos, tenho como objectivo entregar aos accionistas um mínimo de 40% dos resultados líquidos.
Os analistas do CreditSights estimam que o Popular pode fechar este ano com prejuízos de mais de 2 mil milhões de euros.
"Foi tida em conta a necessidade de antecipar o ambiente complexo que enfrenta a actividade bancária", comentou o banco no comunicado a anunciar o aumento de capital. Numa conferência de imprensa, o "chairman" Angel Ron (na foto) adiantou que esta operação será positiva para os accionistas no médio prazo.
O último aumento de capital tinha sido realizado em 2012, em reacção a um resultado negativo nos testes de stress realizados pelas autoridades europeias.
O anúncio do aumento de capital surge depois do Expansion ter esta quinta-feira noticiado que o banco falhou uma tentativa de fusão com o Sabadell. Angel Ron afirmou que o Popular não está a equacionar entrar num movimento de consolidação.
O Popular esteve na corrida pelo Banif no ano passado mas ficou pelo caminho a 18 de Dezembro. Carlos Álvares, que lidera o banco em Portugal, explicou esta semana que não sabe porque o banco espanhol saiu da corrida e não avançou para uma proposta concorrente à do Totta, que acabou por sair vencedor. Mas tem um palpite: "O Popular é uma casa muito conservadora. É uma alteração grande quando passamos do modelo de venda para o modelo de resolução, que implicaria a tomada de decisões muito rápidas em que o perímetro seria distinto. Do que conheço da minha casa, admito que não se sentissem como peixe dentro de água", declarou, para logo deixar a ideia de incerteza: "Não sei se foi isso".