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Popular afunda 25% após anunciar aumento de capital

O banco espanhol vai aumentar o capital em 2,5 mil milhões de euros para limpar o balanço de activos tóxicos. As acções vão ser vendidas com um forte desconto, o que está a pressionar os títulos para uma queda de recorde e mínimos de 26 anos.

26 de Maio de 2016 às 10:08
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As acções do Banco Popular estão a registar uma queda histórica na bolsa de Madrid na sessão desta quinta-feira, 26 de Maio, em reacção ao aumento de capital anunciado pela instituição espanhola que marca forte presença em Portugal.

O Banco Popular pretende emitir 2 mil milhões de novas acções a 1,25 euros cada uma, pelo que encaixará 2,5 mil milhões de euros com a operação. Os títulos vão ser vendidos aos investidores com um forte desconto (46%), o que justifica a queda acentuada das acções na sessão de hoje. Os accionistas vão ter direito de preferência, pelo que vão ser negociados direitos em bolsa.

Ontem o Popular disparou 7,53% para 2,356 euros. Hoje afunda 20,5% para 1,873 euros, sendo que já chegou a cair 25,64% para 1,742 euros, que corresponde à queda mais forte de sempre numa sessão para o banco espanhol. As acções tocaram no valor mais baixo em 26 anos.

"É brutal. A diluição dos accionistas é enorme", comentou à Bloomberg um analista da renta 4.

A queda das acções só nesta sessão representa uma descida na capitalização bolsista de mais de mil milhões de euros. No acumulado do ano o Popular acumula agora uma queda de 40%, sendo o banco com pior prestação da bolsa espanhola.

 

"Incertezas" obrigam a provisões

O encaixe com o aumento de capital servirá para reforçar o balanço do banco, melhorar a rentabilidade, os níveis de solvência e a qualidade dos activos.

O banco espanhol continua a ser penalizado por um elevado montante de activos problemáticos, sobretudo no sector imobiliário, que têm afectado as contas. No anúncio do aumento de capital o Popular adianta que vai reduzir o peso dos activos imobiliários no seu balanço, tendo como meta até 2018 efectuar vendas no valor de 18 mil milhões de euros.  

O Popular alerta ainda que "algumas incertezas" podem obrigar à constituição de provisões no valor máximo de 4,7 mil milhões de euros, o que poderá originar prejuízos em 2016 e obrigar à suspensão do pagamento de dividendos.

Quando regressar aos resultados trimestrais positivos, o que estima acontecer no início do próximo ano, o Popular pretende retomar o pagamento de dividendos, tenho como objectivo entregar aos accionistas um mínimo de 40% dos resultados líquidos.

"Foi tida em conta a necessidade de antecipar o ambiente complexo que enfrenta a actividade bancária", comentou o banco no comunicado a anunciar o aumento de capital. Numa conferência de imprensa, o "chairman" Angel Ron (na foto) adiantou que esta operação será positiva para os accionistas no médio prazo.

O último aumento de capital tinha sido realizado em 2012, em reacção a um resultado negativo nos testes de stress realizados pelas autoridades europeias.

O anúncio do aumento de capital surge depois do Expansion ter esta quinta-feira noticiado que o banco falhou uma tentativa de fusão com o Sabadell. Angel Ron afirmou que o Popular não está a equacionar entrar num movimento de consolidação.

O Popular esteve na corrida pelo Banif no ano passado mas ficou pelo caminho a 18 de Dezembro. Carlos Álvares, que lidera o banco em Portugal, explicou esta semana que não sabe porque o banco espanhol saiu da corrida e não avançou para uma proposta concorrente à do Totta, que acabou por sair vencedor. Mas tem um palpite: "O Popular é uma casa muito conservadora. É uma alteração grande quando passamos do modelo de venda para o modelo de resolução, que implicaria a tomada de decisões muito rápidas em que o perímetro seria distinto. Do que conheço da minha casa, admito que não se sentissem como peixe dentro de água", declarou, para logo deixar a ideia de incerteza: "Não sei se foi isso".


(notícia actualizada com mais informação)

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