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Apesar da Oi, Governo vê com bons olhos candidatura da brasileira Azul à compra da TAP

Há mesmo uma empresa brasileira na corrida pela TAP. E não foi preciso a Azul comentar. Pires de Lima é que revelou este interesse, em Davos, a um jornal brasileiro. Mas não há mais empresas brasileiras com vontade de adquirir a transportadora nacional.

Miguel Baltazar/Negócios
23 de Janeiro de 2015 às 13:57
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António Pires de Lima foi à Suíça anunciar que uma empresa brasileira está interessada na portuguesa TAP. O jornal Estado de São Paulo relata que o ministro da Economia, apesar de mostrar a sua indignação com o que se passou entre a Oi e a Portugal Telecom, vê como positiva a existência de brasileiros na corrida pela transportadora nacional.

 

"Mesmo com a experiência da Oi, temos interesse em ter uma empresa brasileira", disse Pires de Lima em Davos, onde se está a realizar o Fórum Económico Mundial, segundo conta o jornal brasileiro. O ministro da Economia confirmou à publicação que a Azul, companhia área detida por David Neeleman, procurou representantes do Governo português e mostrou vontade em estudar o dossiê TAP. O que, segundo a sua opinião é positivo. Ainda assim, o governante mostrou o descontentamento face à situação da Oi, que depois de uma operação em que ficou com a PT Portugal para avançar para a constituição de um operador lusófono, decidiu vender este activo para conseguir participar na consolidação no mercado brasileiro.

 

No entanto, a privatização da TAP é outra operação. A compra da transportadora por uma empresa brasileira é positiva dado que manterá, previsivelmente, o centro da rede em Lisboa (para fazer a ligação entre a Europa e o continente americano), conforme explicou Pires de Lima, de acordo com a publicação brasileira. O que seria difícil com a aquisição por parte de uma sociedade europeia.


A Azul tem sido sempre referida como estando na corrida pela empresa. Já em 2013 se escrevia que o Governo de Dilma Rousseff tinha vontade de que Neeleman comprasse a Azul. Falava-se, até, que estava em negociações com o banco estatal brasileiro para ganhar músculo para o processo. O empresário já teve presença no capital da companhia área norte-americana Jet Blue.

 

Certo é que a Azul não poderá avançar sozinha, já que só uma empresa europeia poderá adquirir mais de 49% do capital da TAP – e a privatização é de 66% (embora 5% sejam para os trabalhadores). Algo que, segundo conta o Estado de São Paulo, não preocupa Pires de Lima: pode sempre haver um accionista europeu para compor a percentagem de capital em falta. Aliás, o empresário Miguel Pais do Amaral tem sido visto como o parceiro que poderá ajudar companhias não europeias a avançar para a TAP.

 

De acordo com o jornal brasileiro, não há mais empresas brasileiras interessas. Assim, a Gol, um dos nomes que sempre foi indicado mas nunca concretizado, não está na lista o que, como o Negócios escreveu, seria já previsível tendo em conta as dificuldades financeiras enfrentadas pela companhia.

 

A Globália, dona da Air Europa, e empresas de Germán Efromovich – o único que ofereceu uma proposta vinculativa, que seria rejeitada por falta de garantias financeiras, na privatização de 2012 – são entidades apontadas para entrarem neste processo.

 

Como o Negócios já escreveu, é a 2 de Fevereiro que o dossiê com a informação económica-financeira da TAP passa a estar disponível para os candidatos. A partir daí, entra em vigor a confidencialidade da operação. As propostas de compras deverão ser avançadas até Maio.

 
Experiência na aviação é decisiva
O caderno de encargos para a venda de 66% da TAP já está pronto. Com os requisitos que estabelece, o Governo acaba por afastar da corrida fundos de investimento que tivessem a intenção de concorrer sozinhos.
 

Fundos fora da corrida
O caderno de encargos de privatização da TAP elimina a possibilidade de fundos de investimentos concorrerem isoladamente a esta operação. Nos critérios de selecção um dos requisitos exigidos aos candidatos é a "experiência técnica e de gestão no sector da aviação, a sua idoneidade e capacidade financeira".

 

Parceiros do sector são os preferidos
Não basta ter sido presidente de uma transportadora para preencher o perfil de candidato à compra da TAP. Esta é a conclusão que se extrai ao analisar o conteúdo informativo das propostas que o Governo pede. Neste particular é pedido aos candidatos uma "descrição detalhada das actividades relacionadas com o sector da aviação que o proponente individual ou as entidades que integrem o agrupamento desenvolvam ou tenham desenvolvido, directa ou indirectamente, em Portugal ou noutros países, que possam ser relevantes para a actividade da TAP".

 

Financiamento tem de ser assegurado
Os candidatos à compra da TAP têm de assegurar o financiamento da companhia área, seja assegurando que os actuais bancos mantém as linhas de crédito que actualmente  disponibilizam à companhia, ou garantido alternativas para o seu refinanciamento. A par destas componentes, destinadas a garantir o funcionamento da transportadora, os candidatos devem ainda aprovar um plano de capitalização da TAP, que permita o seu desenvolvimento. A impossibilidade do Estado financiar a TAP tem sido uma das principiais justificações para realizar esta privatização. CF/MJB

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